Passados três anos desde a publicação em que a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo Jair Bolsonaro chamou de "herói" o torturador da ditadura Major Curió, provocando a indignação de familiares das vítimas do militar, o Planalto divulgou nesta segunda-feira (12) um direito de resposta à mensagem postada originalmente em 5 de maio de 2020. A postagem atende a uma determinação da Justiça.
Na ocasião, a Secom de Bolsonaro havia publicado uma imagem comemorando a derrota da Guerrilha do Araguaia, conflito que colocou de lados opostos o Exército e guerrilheiros contrários à ditadura, na década de 1970.
Em entrevista ao Estadão, em 2009, Curió admitiu que 41 integrantes do movimento de resistência foram presos, amarrados e executados. Mas o reconhecimento público da tortura não impediu que o militar fosse recebido com honras por Bolsonaro no Palácio do Planalto, em abril de 2020.
Ainda naquele ano, familiares das vítimas do Major Curió entraram com ação 8ª Vara Cível Federal de São Paulo contra a União e o torturador, exigindo direito de resposta. A gestão Bolsonaro recorreu e conseguir evitar a publicação da resposta.
Coube à Secom do governo Lula, nesta segunda-feira, a execução da determinação judicial:
"O governo brasileiro, na atuação contra a guerrilha do Araguaia, violou os Direitos Humanos, praticou torturas e homicídios, sendo condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por tais fatos. Um dos participantes destas violações foi o Major Curió e, portanto, nunca poderá ser chamado de herói. A SECOM retifica a divulgação ilegal que fez sobre o tema, em respeito ao direito à verdade e à memória", diz a mensagem postada nesta segunda-feira.