De tempos em tempos, o ser humano retrocede em áreas que pareciam pacificadas. Quem poderia imaginar que em pleno século 21 as vacinas, que evitaram tantas doenças, caíssem na máquina de moer reputações, também chamadas de redes sociais? Pois caíram. Por desinformação ou convicção ideológica, pais e mães estão colocando em risco a vida de seus filhos por protagonizarem uma "revolta da vacina" que deve fazer Oswaldo Cruz se revirar no túmulo.
A cada balanço das secretarias de Saúde sobre a vacinação constata-se que, nos últimos anos, as metas não foram atingidas. A cada ano diminui o número de pessoas vacinadas e milhões de crianças estão desprotegidas por omissão dos pais. Isso ocorre com a vacina da gripe, que precisa ser feita todos os anos, para acompanhar a mutação do vírus influenza. Mas há outras que deveriam ser feitas regularmente e estão sendo boicotadas, como a da poliomielite, do sarampo, da tuberculose, da pneumonia e outras tantas. Isso sem falar na da covid-19, alvo de uma campanha feroz dos negacionistas da ciência.
O resultado dessa omissão está à vista de quem precisa de atendimento médico e encontra emergências superlotadas, crianças precisando ser entubadas e falta de vagas nas UTIs. Médicos que atuam nos hospitais confirmam que boa parte das crianças com doenças graves, sobretudo as respiratórias, não foi vacinada.
Diante desse quadro é de se perguntar: o que fazer para conscientizar pais e mães para a importância de vacinar os filhos? Se campanhas do Ministério e das secretarias de Saúde não sensibilizam, uma das possibilidades seria mostrar a realidade sem dourar a pílula. Dar rosto às estatísticas dos que morrem porque não se vacinaram. Atualizar a contabilidade e fazer a relação entre falta de vacina e internações em leitos comuns e UTIs.
Contra a ignorância, a melhor vacina é a informação correta, para que, se o seu filho precisar de atendimento, não encontre a porta da emergência trancada.