Uma das frases mais célebres de Ulysses Guimarães é aquela em que ele faz uma pergunta e responde em seguida: “Você acha o Congresso ruim? Isso é porque não viu o próximo”. O espírito do velho Ulysses deve andar inquieto com o que se passa na Câmara dos Deputados: são tantos deputados desqualificados usufruindo de seus minutos de fama no YouTube que os bons acabam sendo ofuscados.
Dois episódios recentes mostram que falta no Brasil uma oposição séria e responsável para levantar a régua do governo. As convocações do ministro da Justiça, Flávio Dino, para depor na Comissão de Constituição e Justiça e na Comissão de Segurança expuseram a fragilidade dos adversários do governo. Num show de horrores cujo objetivo não era obter esclarecimentos de Dino, mas constrangê-lo, os deputados misturaram infantilidade com má fé, fake news e desconhecimento de como as coisas funcionam.
Nas redes sociais a coisa é ainda mais deprimente. Nada se vê de propositivo. Persiste o clima de terceiro turno, mesmo que ainda faltem três anos e meio para a eleição presidencial.
O governo Lula tem problemas — e não são poucos — , mas uma oposição desqualificada, que não consegue hierarquizar os problemas acaba por se desmoralizar. Tratado como ovo de Colombo, o “superpedido de impeachment” encabeçado pelo PL, com a assinatura de 33 deputados, o que foi? Um traque. Todos sabiam que o presidente da Câmara, Artur Lira, não daria andamento, mas venderam para seus eleitores a ideia de que tirariam o presidente do poder.
O texto seria risível se não fosse o impeachment um processo tão traumático. Entre os motivos estariam o fato de Lula ter insinuado que o plano do PCC para matar ou sequestrar o senador Sergio Moro seriam uma “armação” do ex-juiz e a “ingovernabilidade” por incapacidade do presidente de “aglutinar coesão em torno de um plano nacional no Congresso”. Isso antes de Lula completar três meses no cargo.
Agora, a oposição criou uma espécie de “shadow cabinet”, com um deputado escalado para marcar cada ministro ou ministra de Lula. Outras tentativas de imitar essa criação inglesa não funcionaram no passado. Tem chance de dar certo hoje? Só se os deputados deixarem de lado as picuinhas e fiscalizarem o governo com espírito desarmado, como convém a uma oposição responsável.
Pedreira no IPE Saúde
São cinco as alternativas que o governo do Estado tem para sanear as contas do IPE Saúde –uma mais impopular que a outra:
- Aumentar a contribuição dos segurados, que hoje descontam 3,1% do salário
- Cobrar adicional por dependente
- Aumentar a contribuição dos segurados mais velhos
- Ampliar o aporte do Tesouro, tirando dinheiro de outras áreas
- Ampliar a co-participação dos segurados nas cirurgias, procedimentos e internações (esta tem simpatia dos médicos que atendem pelo plano).
Sonho tucano
Eleita pelo Novo, mas tratada com certa frieza pelos companheiros de partido, a vereadora Mari Pimentel é o sonho de consumo do PSDB em Porto Alegre. Um interlocutor do partido que conversou com ela ficou encantado com as ideias de Mari sobre educação e com o nível de seu trabalho, diferenciado em relação a colegas de Câmara.
Até agora, a vereadora não deu sinais de que vá deixar o Novo, mas, se sair, não será surpresa.
Falha na transparência
Sancionada há mais de uma década, a Lei de Acesso à Informação (LAI) ainda encontra obstáculos para sua plena aplicação. Em Porto Alegre, o governo de Sebastião Melo barra solicitações de acesso a processos administrativos públicos que tramitam no Sistema Eletrônico de Informações (SEI).
Três desses pedidos, encaminhados no dia 10 de março, sequer receberam resposta, sendo que a norma dá prazo de 20 dias para a liberação do acesso a informações públicas.
Em outras duas solicitações, a administração respondeu com atraso e negou o acesso, alegando que os documentos contêm “informações pessoais que demandam acesso restrito”. Quais informações pessoais constariam em processos administrativos que tratam de parcerias do município com a iniciativa privada?
Nonno Sartori

A política ficou em segundo plano para o ex-governador José Ivo Sartori e sua esposa, Maria Helena, com a chegada do primeiro neto, Francisco, filho do primogênito do casal, Marcos Sartori, e de Vanessa Spiandorello.
O guri completou um mêsna sexta-feira e virou o xodó do nonno.
Francisco é o quarto bisneto de dona Elza, a mãe de Sartori, de 94 anos que ficou conhecida dos gaúchos na campanha eleitoral de 2018.
Dúvida sincera
De que se alimentam essas pessoas que vaiaram o governador Eduardo no Fórum da Liberdade, com a acusação de que ele é comunista?
Onde vivem? Que livros leem? Como se divertem?