Se nos últimos anos a Corsan tivesse investido em saneamento os R$ 200 milhões anuais que gastou com ações trabalhistas, a situação do Rio Grande do Sul não seria uma das mais críticas do país. Hoje, só 33,5% da população gaúcha tem acesso à coleta de esgoto sanitário e quase 15% não recebem água tratada.
Em uma publicação no Twitter, o deputado Felipe Camozzato (Novo) apresentou números estarrecedores. O passivo trabalhista da empresa, por exemplo, chegará a quase R$ 1 bilhão até o final do ano.
Entre 2018 e 2022, foram ajuizadas mais de 7 mil novas ações trabalhistas e, nesse período, a Corsan gastou R$ 854,9 milhões com indenizações e honorários advocatícios.
Dos 10 maiores processos baixados em 2022, quatro têm como autor o Sindiágua. Neles, o valor indenizado foi de R$ 18,3 milhões.
Camozzato diz que o presidente do Sindiágua, Arilson Wunsch, recebeu uma indenização de R$ 960 mil. Wunsch diz que não é bem assim: a ação, que tramitou por 25 anos, rendeu-lhe R$ 848 mil, entre o principal, os juros e a correção monetária.
— Preferia ter recebido o valor de R$ 3 mil por mês a cada ano, em vez desse acumulado, que preciso dividir com o advogado — diz o presidente do Sindiágua.
Um colega dele teria recebido R$ 14 milhões.
Os principais números citados por Camozzato já haviam divulgados em entrevistas pelo chefe da Casa Civil, Artur Lemos, e os demais confirmados à coluna por uma pessoa que tem acesso aos dados detalhados sobre a situação da estatal.
Assim como ocorreu com a CEEE, os servidores da Corsan contribuíram para matar a galinha dos ovos de ouro. Com a privatização, que cumpriu todos os requisitos formais, mas está sendo contestada na Justiça e no Tribunal de Contas, os salários muito superiores aos do mercado vão acabar.