Deu a lógica: o prefeito Sebastião Melo convidou o vereador Idenir Cecchim (MDB) para reassumir a liderança do governo na Câmara, cargo que ocupou em 2021. No ano seguinte, Cecchim assumiu a presidência da Câmara e Melo entregou a liderança a Claudio Janta (Solidariedade), que não esconde a mágoa por não ter sido reconduzido. Às pessoas mais próximas Janta reclama que conseguiu aprovar mais de cem projetos no ano eleitoral e, mesmo assim, não foi reconhecido.
O vereador do Solidariedade acredita que foi “rifado” por não acompanhar o prefeito no apoio a Onyx Lorenzoni (PL) e Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 2022.
— Apoiei Eduardo Leite com muita convicção — diz.
Em seu discurso de despedida do cargo, nesta segunda-feira (13), Janta reforçou na tribuna a ideia de que está deixando a função por não aceitar defender o legado do governo Bolsonaro. Dentre os vereadores da base de Melo, a maior parte apoiou o ex-presidente na eleição, assim como o prefeito.
Janta frisou que o "radicalismo" não estava no projeto original que elegeu Melo prefeito, do qual foi um dos primeiros apoiadores.
— Não tenho como ficar defendendo o legado de um governo que deixou milhões de pessoas morrendo de fome, milhares de pessoas desempregadas e que deixa um legado de miséria neste país. Não tenho e não vou defender — discursou.
O vereador ainda disse que a "gota d'água" para a saída do cargo foi o fato de se colocar contra o projeto que aumentava o salário do prefeito a partir de 2025 e que, como efeito colateral, elevaria o teto municipal, beneficiando servidores com altos salários. A iniciativa foi derrotada em plenário no ano passado, por um voto.
Como havia vários candidatos ao cargo, Melo consultou todos os vereadores da base e o nome de Cecchim foi o que obteve melhor aceitação. Vereadores de diferentes partidos destacam a habilidade política e a experiência.
Melo praticamente havia traçado um retrato falado de Cecchim quando falou sobre o perfil do líder e lembrou que precisaria de alguém de pulso firme e bom trânsito entre os vereadores, em um ano em que a Câmara deverá votar temas polêmicos, como a PPP do saneamento e o fim da licença-prêmio dos servidores.
Entre os cotados para a vaga de líder que enfrentaram a resistência dos colegas estão Nádia Gerhard (PP), Mônica Leal (PP) e Cláudia Araújo (PSD).