O jornalista Carlos Rollsing colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
O PSDB deixou encaminhada a decisão de participar do governo Sebastião Melo e compor a base aliada na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Em reunião do diretório municipal e da bancada no sábado (14), a maioria do partido manifestou posição de aceitar o convite de Melo e assumir a condução de um espaço de primeiro escalão. Isso irá replicar na Capital a aliança política estadual formada entre PSDB e MDB.
– Por maioria, entendemos que precisamos ter postura de convergência, a favor da cidade – afirma o vereador Moisés Barboza, presidente municipal do PSDB.
O vereador Ramiro Rosário, contrário ao ingresso no governo, acabou ficando isolado internamente. Além de Barboza, o líder da bancada do partido, vereador Gilson Padeiro, também foi favorável ao ingresso no governo. Uma reunião entre os tucanos e o prefeito deverá ocorrer em breve para a formalização do convite e discussão sobre qual secretaria poderá ficar com a legenda, além de outros espaços de segundo escalão.
Até o momento, o que mais tem sido ventilado é a hipótese de Melo convidar o PSDB a dirigir a Secretaria da Cultura. Ninguém menciona nomes publicamente, mas, nos bastidores, é considerado certo que a sigla irá indicar Henry Ventura para liderar a pasta, caso se confirme o convite. Ventura é professor, militante do PSDB de Porto Alegre, suplente de vereador e foi secretário-adjunto da Cultura no governo de Nelson Marchezan. Ele foi mantido na pasta para o governo Melo, mas em posição de menor destaque. Seu nome é unanimidade no PSDB.
A aliança com os tucanos, que tem quatro vereadores na Câmara, fortalece a administração de Melo. Ele tem ampla maioria no parlamento, com a oposição resumida às bancadas de PT, PSOL e PCdoB. O amplo leque em torno do prefeito reforça a percepção geral no meio político de que a sua gestão está bem avaliada e prestigiada, a despeito de Melo ter se esborrachado na eleição de 2022, quando tomou a arriscada decisão de apoiar Onyx Lorenzoni (PL) contra Eduardo Leite (PSDB). Embora tenha apostado alto e perdido, Melo e o PSDB reataram as pontes para permitir a formalização da aliança local.
Entusiasta da parceria entre PSDB e MDB, Barboza salienta que não há nenhum compromisso com a eleição municipal de 2024. Ou seja, ingressar no governo agora não está atrelado a apoiar a reeleição de Melo.
– Não tem obrigatoriedade de alinhamento. O prefeito tem falado isso. Estamos discutindo 2023 – avalia.
ALIÁS
O vice-governador Gabriel Souza tem trabalhado pela replicação da aliança entre MDB e PSDB em Porto Alegre. Fortalecido dentro do seu partido, ele busca aproximar ainda mais as legendas porque espera contar com o apoio do PSDB em 2026, quando pretende ser candidato a governador. Gabriel tem reforçado sua característica de hábil enxadrista político.