Escolhido para comandar a Secretaria de Comunicaçao Social (Secom), o deputado federal Paulo Pimenta (PT) será o único gaúcho no ministério de Lula. Por quase dois meses, o deputado estadual Edegar Pretto (PT), que concorreu a governador neste ano, foi cotado para o Desenvolvimento Agrário, mas o cargo acabou nas mão de outro petista, Paulo Teixeira, de São Paulo.
O descaso de Lula com Pretto revoltou líderes do MST, que não reconhecem legitimidade em Teixeira para tratar das questões agrárias. Pretto foi três vezes a Brasília, mas depois de se instalar na capital federal ficou esperando pelo chamado que não veio. Nesta semana, estava em Brasília quando soube pela imprensa que não seria ministro.
O Estado em que o pernambucano Lula fez carreira política tem a maior representação no ministério, o que é comum em todos os governos. O que o presidente eleito fez de diferente foi reforçar o peso do Nordeste e do Norte, regiões que lhe deram mais votos. O PT gaúcho terá de se conformar com cargos de segundo escalão.
De José Sarney (1985-1989) a Jair Bolsonaro (2019-2022), o Rio Grande do Sul sempre teve mais de um representante no ministério inicial. Bateu recorde com Dilma Rousseff, em 2011, mas murchou agora, refletindo não só a perda de prestígio, mas também a necessidade de cortar na carne para acomodar aliados.
Sarney herdou o ministério montado por Tancredo Neves, que tinha Pedro Simon (Agricultura), Leônidas Pires Gonçalves (Exército) e Paulo Brossard (Justiça).
Fernando Collor nomeou José Lutzenberger (Meio Ambiente) e Carlos Alberto Chiarelli (Educação), sem contar Alceni Guerra (Saúde), que fez carreira no Paraná, mas nasceu em Soledade. Com o impeachment de Collor, o vice-presidente Itamar Franco assumiu e escolheu Antônio Britto (Previdência) e Yeda Crusius (Planejamento), que nasceu em São Paulo mas se elegeu pelo Rio Grande do Sul.
Em dois governos, Fernando Henrique Cardoso tratou o Rio Grande do Sul de forma semelhante e prestigiou vários gaúchos nos oito anos de mandato. Em 1995, a equipe original tinha Paulo Renato Souza (Educação) e Odacir Klein (Transportes) . No segundo mandato, Eliseu Padilha (que já estava no Ministério dos Transportes) e Francisco Turra (Agricultura).
No primeiro mandato de Lula (2003-2006) dizia-se que ele tinha montado um “gauchério”, tal a quantidade de ministros do Rio Grande do Sul: Dilma Rousseff (Minas e Energia), Olívio Dutra (Cidades), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), Tarso Genro (Conselhão) e Emília Fernandes (Política para Mulheres). No segundo, manteve Dilma na Casa Civil e nomeou Tarso Genro (Relações Institucionais, Justiça e, depois, Educação) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário).
Mineira que optou pelo Rio Grande do Sul, Dilma Rousseff superou Lula e começou o primeiro governo com seis ministros gaúchos: Luís Adams (Advocacia-Geral da União), Mendes Ribeiro Filho (Agricultura), Alexandre Tombini (presidente do Banco Central), Nelson Jobim (Defesa), Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) e Maria do Rosário (Direitos Humanos)
No segundo, que seria interrompido pelo impeachment, os gaúchos eram Luis Adams (Advocacia-Geral da União), Eliseu Padilha (Aviação CIvil), Alexandre Tombini (Banco Central) e Pepe Vargas (Relacoes Institucionais).
Com o impeachment, Michel Temer transformou Padilha em seu braço direito, como chefe da Casa Civil. Nomeou, também, Fábio Medina Osório (Advocacia-Geral da União), Osmar Terra (Desenvolvimento Social) e Ronaldo Nogueira (Trabalho).
Jair Bolsonaro estreou com Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Osmar Terra (Cidadania), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo).