A ida do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à COP27 no Egito só não é um golaço porque faltou percepção do risco de viajar de carona com um empresário. Antes do embarque, Lula foi alertado de que não deveria viajar em jatinho emprestado, ainda mais de um empresário que foi investigado por financiamento irregular da campanha de José Serra (PSDB) e fez acordo com a Justiça.
Fundador da Qualicorp, empresa que deixou para lançar a Qsaúde, o empresário José Seripieri Junior doou R$ 660 mil para o Partido dos Trabalhadores (PT) e R$ 500 mil para a campanha de Lula nas eleições de outubro. Mesmo que fosse outro, a prudência recomendaria evitar favores — seja carona ou empréstimo.
O presidente eleito do Brasil não precisa disso. Poderia ter ido ao Egito por outros meios, inclusive em avião de carreira. Na primeira classe, a tripulação não permitiria que fosse molestado por possíveis radicais a bordo.
O episódio da carona acabou ofuscando o acerto da decisão de estar entre os líderes mundiais que discutem o futuro do planeta e têm preocupação com sustentabilidade.
O mundo clama por responsabilidade com a Amazônia e o Brasil tem muito a ganhar se Lula convencer os investidores de que sua política ambiental será diferente da do antecessor.
Um dos trunfos de Lula na COP27 é a presença da deputada eleita Marina Silva (Rede), símbolo da defesa da floresta. Seja ou não indicada ministra, Marina é a voz que Lula terá de ouvir sobre clima.