A viagem de Lula à COP27, no Egito, começou com a polêmica da carona que o presidente eleito pegou no jatinho de um empresário para ir ao evento. Isso, por si só, já teria dado pano para a manga por deixar sob suspeita a relação com a empresa. O que piorou é o fato de ser um empresário que chegou a ser preso pela Polícia Federal em 2020 em uma fase da Lava Jato.
Trata-se de José Seripieri Junior, fundador da Qualicorp, operadora de planos de saúde. Na ocasião da prisão, investigadores da Polícia Federal apontaram indícios de que a empresa fraudou contratos para dissimular repasses à campanha de José Serra (PSDB-SP) ao Senado em 2014. Ele acordou uma delação premiada com a Procuradoria-geral da República, que está em sigilo, e se comprometeu a pagar multa de R$ 200 milhões.
O empresário saiu da Qualicorp em 2019 e lançou a Qsaúde. Lula e Junior se conhecem há pelo menos 10 anos. Após sair da presidência, Lula frequentava a casa do empresário no litoral do Rio de Janeiro. Junior também foi convidado para o casamento do presidente eleito com Janja. As doações do empresário à campanha petista agora em 2022 ultrapassaram R$ 1,1 milhão.
Junior também era controlador da Seripatri Participações, dona do helicóptero que caiu deixando cinco mortos em 2015 em Carapicuíba (SP). Entre as vítimas, estava Thomaz Alckmin, filho caçula do vice-presidente eleito e então governador Geraldo Alckmin.
Lula embarcou ontem pela manhã. À tarde, Alckmin disse que o empresário também viajaria à COP27 ao dizer que "não tem empréstimo, estão indo juntos".
Se é ou não empréstimo, ou se estão indo juntos ou não, a carona repercutiu mal e tem um custo político. Ao que parece, Lula foi alertado disso. Fato ruim para um começo de transição quase tão tumultuado quanto a eleição. A relação da empresa com o governo, ainda mais pelo histórico do empréstimo, fica sob suspeita.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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