Por mais desgastante que seja não se posicionar em uma eleição como a do dia 30 de outubro, em que as opções disponíveis são o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), é provável que o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) acabe ficando em cima do muro.
Nem aos mais próximos Leite e seu vice, Gabriel Souza (MDB), dizem o que farão. A resposta padrão é que estão ouvindo e ponderando sobre o melhor rumo a tomar.
O que se avalia no interior da campanha é qual posição tira mais votos de Leite, que no primeiro turno contou tanto com eleitores de Lula quanto de Bolsonaro. Só que o candidato do presidente não é ele, mas Onyx Lorenzoni. E estão em disputa os mais de 1,7 milhão de votos de Edegar Pretto (PT).
A tese de que os eleitores de Edegar jamais votariam em Onyx Lorenzoni pode até ser verdadeira, mas quem garante que não votarão nulo ou em branco se Leite anunciar voto em Bolsonaro?
Como Onyx puxa o debate para a eleição presidencial, Leite tentará trazer o debate para o Estado, argumentando que os eleitores escolherão o governador e não o braço direito do presidente.
Mobilização na Região Sul do RS
Na tentativa de alavancar a votação de Eduardo Leite na Região Sul do Estado, a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, reuniu nesta quarta-feira (5) candidatos que disputaram a eleição no domingo (2), secretários e vereadores aliados para mobilizar a base pelas próximas três semanas e meia até o segundo turno, em 30 de outubro. A avaliação é de que, passada a eleição para deputado federal e estadual, é hora de "botar o bloco na rua" e mostrar para a população as obras do governo estadual na região durante a gestão de Leite.
— No primeiro turno, tínhamos vários partidos aliados com as campanhas focadas nos candidatos a deputado, e a campanha de rua acabava ficando mais concentrada nos deputados. Agora vamos colocar o bloco na rua focando no nosso candidato ao governo do Estado — explica Paula, que é coordenadora-geral da campanha em Pelotas.
Um dos pontos de atenção para a articulação tucana é a redução da votação de Leite em relação a ele próprio em 2018. Há quatro anos, no primeiro turno, o ex-prefeito pelotense fez 124.925 votos ou 69,50% do total da votação em sua terra natal. No domingo passado, Leite foi novamente o candidato a governador mais votado em Pelotas, mais baixou para 74.917 votos ou 40,57% do total.
Uma das explicações para os números são as votações expressivas feitas pelos candidatos do PT no município: Edegar Pretto somou 56.570 votos, enquanto o ex-presidente Lula foi a preferência de 100.306 eleitores.
— (Os votos) virão naturalmente pelo que o Eduardo representa em postura democrática, diálogo, pelos investimentos sociais e na cultura, respeitando e valorizando a diversidade — aposta Paula.
Sem tomar partido na disputa entre Lula e Bolsonaro, Paula lamenta a polarização no cenário nacional e diz que aguarda a definição do partido para se posicionar.
— Eu acredito na política que une a eficiência de gestão com a empatia e a humanidade. Essa é a postura que queremos ter, a capacidade de unir gestão eficiente com respeito e valorização da diversidade. Se isso é o centro, é o centro (a nossa posição).