O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Os gaúchos voltam às urnas no dia 30 de outubro para delegar a Eduardo Leite (PSDB) ou a Onyx Lorenzoni (PL) a tarefa de governar o Rio Grande do Sul pelos próximos quatro anos. Seja qual for o escolhido, terá de se desdobrar para construir uma base de apoio na Assembleia Legislativa suficiente para garantir a aprovação de propostas de interesse do futuro governo.
Na eleição do dia 2 de outubro, os partidos da coligação de Leite elegeram 17 deputados, enquanto os que estão com Onyx conseguiram 10 vagas. Durante a última semana, o candidato do PL conseguiu o relevante apoio do PP, que elegeu 7 deputados, e o do PTB, que tem uma cadeira. Já o tucano tem o indicativo de apoio do PDT (quatro deputados) e do PSB (uma vaga), mas este último já comunicou que não participaria de um eventual novo governo Leite.
As duas alianças, portanto, reúnem contingentes muito distantes do necessário para a aprovação de projetos de lei (28 votos), e mais ainda em caso de propostas de alteração na Constituição Estadual (33 votos).
Dessa maneira, não restará alternativa ao novo governador que não seja negociar com aqueles que hoje são seus adversários. Essa composição tradicionalmente passa tanto por abrir espaços na estrutura do governo, com a divisão de secretarias e cargos nos demais escalões da máquina estadual, quanto por acolher ideias que não constam em suas propostas originais.
Se reeleito, Leite terá de refazer as pontes com deputados mais conservadores, que integraram a base governista em praticamente toda a gestão dele, mas hoje apoiam o adversário. Caso o escolhido pela população seja Onyx, terá de fazer gestos aos partidos de centro, que compõem a aliança do oponente. O resultado das urnas e a habilidade política do futuro governador é que vão guiar a composição.
O que se sabe de antemão é que o inquilino do Palácio Piratini enfrentará uma oposição de esquerda mais ruidosa do que a atual: o PT, que tinha nove deputados, terá 11 a partir do ano que vem, consolidando-se como a maior bancada do Legislativo gaúcho. O PSOL, que tinha apenas uma cadeira, agora tem duas. E o PCdoB, que sequer tinha bancada na Assembleia, agora terá uma deputada.
Já o Partido Novo, que sempre votou a favor de propostas com viés liberal sem indicar nomes para o governo, viu sua bancada diminuir: de dois deputados para um.
Aliás
Mesmo com o apoio a Onyx Lorenzoni no segundo turno, é improvável que o PP deixe de participar do governo caso o eleito seja Eduardo Leite. Com isso, os progressistas deverão formar a bancada mais numerosa de aliados do próximo governador, com sete deputados. Atualmente esse posto é do MDB, que viu sua presença na Assembleia diminuir de oito para seis cadeiras.