O jornalista Bruno Pancot colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Tema central na agenda de qualquer país que pretenda entrar para o clube dos desenvolvidos, o saneamento básico não só está ausente na campanha eleitoral, como afugenta os principais candidatos quando são convidados para debatê-lo. Foi o que ocorreu nesta sexta-feira (9). O consórcio de municípios da bacia hidrográfica do Rio do Sinos, o Pró-Sinos, promoveu dois dias de discussão sobre o marco legal do saneamento e como tirar a nova legislação do papel e convidou os oito principais candidatos a governador. Cinco chegaram a confirmar presença, mas só Roberto Argenta (PSC) e Ricardo Jobim (Novo) apareceram.
Até quinta-feira (8), também estavam confirmados Luis Carlos Heinze (PP), Onyx Lorenzoni (PL) e Vicente Bogo (PSB). Os cinco figuraram no cartaz do congresso, porque haviam dito sim. Eduardo Leite (PSDB) descartou logo de cara, alegando que tinha agenda no Interior. Edegar Pretto (PT) justificou a ausência por conflito de agendas que já estavam previstas, incluindo entrevistas e o debate na TV Pampa, às 22h. Vieira da Cunha (PDT) declinou do convite dizendo que iria se preparar para o mesmo debate.
A campanha de Bogo disse à coluna que o candidato não havia confirmado a participação e que o evento não constava na sua agenda. A campanha de Heinze alegou conflito de agenda e também argumentou que o candidato iria se preparar para o debate. Já Onyx fez caminhada em Esteio durante o dia.
Apesar da discordância entre os 28 prefeitos sobre a melhor forma de prestar o serviço de saneamento básico, se público ou privado, o consenso é de que será necessário ampliar os investimentos para cumprir as metas do marco regulatório. Sancionada em julho de 2020, a lei determina que 99% da população deverá ter acesso à água potável e 90% a esgoto tratado até 2033.
— São realidades diferentes: alguns municípios são atendidos pela Corsan, outros têm autarquias municipais e há os que tem a prestação direta. A ideia não é ter uma solução única para todos, mas apresentar alternativas para que cada município analise qual o melhor caminho a percorrer — explica o presidente do consórcio e prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal.
O candidato do PSC defendeu o uso de reservas cambiais do país e do superávit da balança comercial para garantir os investimentos em saneamento. Já o candidato do Novo, defensor convicto das privatizações, avaliou que a desestatização da Corsan deve ser consolidada ainda em 2022.
— Quem perdeu a oportunidade de apresentar as suas posições foram os que não vieram. Tinham uma grande oportunidade de trazer para o debate um assunto que vai estar na agenda do próximo governador — opina Pascoal.
O prefeito de Esteio considera que a privatização da Corsan é "inevitável" para que o Estado consiga cumprir as metas do marco do saneamento e cita que a companhia "não tem dinheiro" para fazer as obras necessárias. Por outro lado, há prefeitos como o de São Leopoldo, Ary Vanazzi, que entendem que os investimentos devem ser feitos pelo Estado.
O 1º Congresso do Saneamento Básico foi realizado entre quinta (8) e sexta-feira (9), em Canela. O encontro apresentou cases de sucesso na área do saneamento com a participação de gestores ambientais e empresas do setor.