Por mais que esteja presente nos debates e entrevistas, a tragédia da educação brasileira tem sido abordada de forma superficial nesta campanha eleitoral. Atenção à primeira infância é um não assunto. Na propaganda, nem se fala. Os candidatos a presidente preferem discutir esmola a emancipação que só a educação garante. Nos debates, acham que terão mais votos se atacando do que discutindo como resolver um problema crônico que se agravou com a pandemia.
Não é a educação de nível superior o problema brasileiro. É a educação básica, aquela que mesmo sendo de responsabilidade de Estados e municípios precisa de políticas nacionais para elevar a régua em todas as regiões e não ser apenas a “laranja de amostra”.
Seria importante que os candidatos a qualquer dos cargos em disputa estudassem um documento divulgado recentemente pelo Banco Mundial. Trata-se do Relatório de Capital Humano Brasileiro. É um estudo sobre o desperdício de talentos pela pobreza da educação. O objetivo do Banco Mundial com esse projeto é alertar os governos sobre a importância de investir nas pessoas.
Foi criado um indicador para monitorar os avanços na acumulação de capital humano no Brasil: o Índice de Capital Humano (ICH). O ICH estima a produtividade esperada de uma criança nascida hoje aos 18 anos de idade, em um contexto onde as condições de educação e saúde permanecem inalteradas.
O índice leva em conta os principais aspectos que influenciam na formação de habilidades, e não apenas a educação. Vai de zero a 1. Quanto mais próximo de 1, melhor. Quando o risco de má nutrição ou morte prematura é alto, o acesso à educação é limitado e a qualidade da aprendizagem é baixa, o ICH se aproxima de zero.
O relatório diz que , nas condições atuais, um brasileiro nascido em 2019 alcança em média 60% de seu capital humano potencial aos 18 anos de idade. Em 2019, o Rio Grande do Sul estava no mesmo nível do Ceará, com ICH de 061.