Quantas famílias você conhece que construíram um patrimônio imobiliário fabuloso pagando a maior parte em espécie, com malas de dinheiro? Pois esse estranho hábito do presidente Jair Bolsonaro e de seus parentes está no centro da campanha eleitoral, a partir de uma reportagem do portal UOL, fartamente documentada.
De acordo com o UOL, quase metade do patrimônio imobiliário de Bolsonaro e de seus parentes mais próximos foi construída nas últimas três décadas com uso de dinheiro em espécie. Do início dos anos 1990 até agora, o presidente, duas ex-mulheres, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo.
As compras com pagamento “em moeda corrente nacional” totalizaram R$ 13,5 milhões. Corrigido pelo IPCA, isso equivale hoje a R$ 26 milhões. O restante foi pago com cheque ou transferência bancária. Há, ainda, os que na documentação não consta a forma de pagamento.
É ilegal comprar imóvel com dinheiro vivo? Não, desde que o comprador consiga provar que obteve os recursos legalmente e declarou à Receita Federal. É estranho? É. Muito estranho, dado que a família vive da política. Bolsonaro acumula o soldo de capitão e dois filhos estão sendo investigados pela prática de “rachadinha”.
Como as compras nunca foram investigadas, é impossível saber se os Bolsonaro tinham ou não como justificar as compras de imóveis com dinheiro “em rama” e se esses negócios são compatíveis com a renda declarada. A Polícia Federal pediu autorização para investigar pelo menos um negócio suspeito: a compra de uma mansão de R$ 3 milhões por Ana Cristina Valle, ex-esposa de Bolsonaro e mãe de seu filho Jair Renan, que não teria renda para tanto.