O resultado da mais recente pesquisa Datafolha explica por que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está fazendo tantos movimentos para neutralizar os candidatos que podem levar a disputa para o segundo turno. Depois de atrair uma ala do MDB, Lula flerta agora com André Janones (Avante) e seu 1% na pesquisa.
Pelo Datafolha, se a eleição fosse hoje, Lula estaria a um passo de vencer a eleição no primeiro turno. O ex-presidente tem 47% das intenções de voto, contra 29% do presidente Jair Bolsonaro. A pesquisa ouviu 2.556 pessoas nos dias 27 e 28 de julho em 183 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.
O índice de Lula é o mesmo da pesquisa realizada em maio. Bolsonaro passou de 28% para 29%, evolução dentro da margem de erro. Ciro Gomes (PDT), que mantém um consistente terceiro lugar desde a saída de Sergio Moro da disputa, permanece com os mesmos 8% da pesquisa de maio.
Simone Tebet (MDB) não conseguiu sair do chão. Passou de 1% para 2%, índice insignificante pela exposição que teve nos últimos dias. De André Janones (1%) para baixo, os índices vão de zero a 1%. A margem de mudança dos números é escassa. Somente 6% dos eleitores estão dispostos a votar nulo ou em branco e apenas 3% se declaram indecisos.
Isso não significa, naturalmente, que a eleição esteja resolvida. A campanha começa em duas semanas. Serão 45 dias de exposição massiva dos candidatos, propaganda no rádio e na TV, viagens e comícios. Serão, também, dois meses com o Auxílio Brasil aumentado para R$ 600, vale diesel para caminhoneiros e auxílio combustível para motoristas de táxi.
A inflação, flagelo para todas as classes, tende a cair por efeito da redução forçada do preço dos combustíveis, da energia e das telecomunicações, com o corte do ICMS. É com essa mudança de cenário que os aliados de Bolsonaro contam para tentar virar o jogo, mas todas as pesquisas, até aqui, apontam na mesma direção.
A explicação para a dificuldade de reação do presidente é seu alto índice de rejeição, em todas superior a 55%, e a má avaliação do governo, detectada em todos os levantamentos. A pesquisa espontânea, aquela em que se pergunta ao entrevistado em quem pretende votar e ele responde sem olhar a cartela com o nome dos candidatos também mostra a fidelidade dos eleitores aos dois primeiros colocados. Lula tem 38% e Bolsonaro 26%. Nessa simulação, Ciro tem 3% e Simone, 1%.