O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Tomou corpo a pressão do comando do MDB nacional para que o partido abra mão de lançar candidato a governador e apoie a candidatura de Eduardo Leite à reeleição no Rio Grande do Sul, condição imposta pelo PSDB para apoiar Simone Tebet na eleição presidencial. Na noite de segunda-feira, Simone e o presidente do partido, Baleia Rossi, telefonaram ao presidente do diretório estadual, Fábio Branco, e insistiram para que intensificasse o diálogo com o tucano em busca de entendimento. O mesmo apelo foi direcionado ao ex-governador Germano Rigotto, que coordena o plano de governo da senadora.
Atendendo ao pedido dos correligionários, Branco e Rigotto se reuniram nesta terça-feira com Leite em Porto Alegre, no final da tarde. No encontro, o presidente do MDB reafirmou que o partido não pretende abrir mão da candidatura própria liderada por Gabriel Souza, embora entenda necessária uma aliança para o prosseguimento da agenda reformista iniciada no governo Sartori e tocada por Leite.
Antes da reunião, Branco disse à coluna que está disposto a ampliar o diálogo com o PSDB, mas garantiu que a retirada da candidatura não está sendo cogitada:
— Não tem ninguém defendendo isso no partido.
A despeito da simpatia de alguns líderes como Rigotto e o ex-senador Pedro Simon à candidatura de Simone, não há qualquer movimento da base partidária ou de segmentos do MDB que explicite vontade de apoiar Leite. Pelo contrário: figuras como o deputado Osmar Terra e o ex-vice-governador José Paulo Cairoli já avisaram que não subiriam no palanque do tucano.
Nesta quarta-feira (8), termina o prazo estipulado pelos tucanos para uma resposta do MDB sobre o apoio no Rio Grande do Sul. Na quinta, a executiva do PSDB se reúne para definir se apoia a candidata do MDB ou volta a discutir uma eventual candidatura própria ao Palácio do Planalto.
A imposição de uma data fatal incomodou os dirigentes locais, visto que o peso da decisão sobre a aliança nacional recaiu sobre o MDB do RS. Branco lembra que, durante as discussões para a definição do candidato da terceira via, o apoio nos Estados não apareceu como condicionante.
— Quem criou isso (impasse) não foi o MDB gaúcho. Não podem colocar isso na nossa conta — adverte o prefeito de Rio Grande.
Aliás
O presidente do MDB gaúcho descarta qualquer decisão de cúpula a respeito de uma composição com o PSDB. Branco diz que um eventual acerto deve ser chancelado, “no mínimo”, pelo diretório do partido.
Reafirmação no final da noite
Diante de informações circulando acerca de uma possível desistência de Gabriel Souza, o MDB do RS publicou uma nota no site da sigla perto das 23h desta terça-feira. Fábio Branco assina o comunicado:
"O MDB gaúcho esclarece que esteve reunido no final da tarde desta terça-feira (7) com o ex-governador Eduardo Leite, atendendo um pedido do presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi, e da pré-candidata à presidência da República, senadora Simone Tebet. Nesta conversa, o partido reiterou posição já definida pelo Diretório Estadual, em março deste ano, de que o MDB do RS possui candidatura própria ao Governo do Estado, através do deputado Gabriel Souza.
O MDB do Rio Grande do Sul segue dialogando com aqueles que desejam construir uma aliança para dar continuidade ao projeto de desenvolvimento do Estado, mas mantém a pré-candidatura de Gabriel Souza ao Piratini.
Fábio Branco, presidente do MDB-RS"