O jornalista Carlos Rollsing colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Chamado pelo PDT para concorrer ao Palácio Piratini, Vieira da Cunha voltou a se dedicar integralmente à política, depois de seis anos atuando como procurador do Ministério Público. No sábado, Vieira, a deputada estadual Juliana Brizola e o presidenciável Ciro Gomes, todos do PDT, visitaram a Vila Cruzeiro, em Porto Alegre, onde ouviram reivindicações.
Apesar da polarização entre Lula e Bolsonaro, Vieira acredita que Ciro tem potencial de crescimento. Cita que ele está consolidado em terceiro lugar nas pesquisas e mantém-se sólido na disputa, diferente de outros pré-candidatos que rodaram, como o ex-juiz Sergio Moro.
— Há um clima de ódio entre o bolsonarismo e o lulopetismo. Acreditamos que vai ocorrer um desgaste dessas candidaturas na campanha. Vai ter agressão e acusação recíproca, muito baixo nível. A população vai buscar outro caminho, uma candidatura honrada, experiente e com propostas — diz Vieira.
O carro-chefe do pedetista na corrida ao Piratini será a educação, com a escola em turno integral. Ele fez convites para que PSD e União Brasil integrem a chapa. Vieira vai propor a reinserção da obrigatoriedade de realização de plebiscito antes de privatizações na Constituição Estadual, previsão que foi retirada pelo governo Leite no processo de venda da CEEE e de outras estatais. Vieira diz que é contra a privatização do Banrisul e da Corsan. Sobre a negociação da CEEE-D para a Equatorial Energia, dispara:
— Bastou um temporal para a população ver que foi enganada.
O retorno
O tucano Eduardo Leite deverá ser anunciado hoje, às 13h, candidato à reeleição ao Palácio Piratini. O governador Ranolfo Vieira Júnior, que até agora é o candidato do PSDB, tem afinidade com Leite e já sinalizou publicamente que poderia abrir mão em nome do projeto. Com mais envergadura política, projeção e melhor desempenho em pesquisas, o nome de Leite acaba se impondo.
O PSDB se uniu em federação com o Cidadania e tem conversas para construir aliança com o PSD, União Brasil e Podemos. O grande nó é a tentativa de acordo com o MDB, que tem Gabriel Souza como pré-candidato ao Piratini. Embora exista apoio entre lideranças, é muito forte na militância e em parte da velha guarda do MDB a resistência diante da hipótese de indicar o vice de Leite.
— Temos capacidade para buscar essa construção — diz Lucas Redecker, deputado federal e presidente do PSDB no Rio Grande do Sul.
Cozinha com Boulos
Aposta do PSOL para puxar votos na eleição para deputado federal em São Paulo, Guilherme Boulos terá compromissos em Porto Alegre na quarta-feira (15). Ao meio-dia, ele irá participar da inauguração da Cozinha Solidária da Azenha. O projeto foi criado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), do qual Boulos é um dos líderes nacionais, e tem 30 cozinhas espalhadas por todo o país. Em Porto Alegre, quem comanda a iniciativa é Cláudia Ávila, advogada e coordenadora nacional do MTST.
A cozinha já funciona em Porto Alegre desde setembro de 2021 em espaço cedido e acanhado, que não dispõe de refeitório. Mais de 200 marmitas são distribuídas diariamente em uma praça do bairro Azenha. Com o novo endereço, em imóvel alugado, haverá espaço para que as pessoas possam sentar e fazer a refeição. Cláudia diz que a iniciativa não está atendendo só pessoas em situação de rua. Com o cenário de inflação e empobrecimento, é crescente o número de aposentados e trabalhadores informais que se alimentam com o auxílio da cozinha solidária. A atividade é voluntária e as contas e alimentos são pagos com a ajuda de doadores. Depois da inauguração, às 17h de quarta, Boulos lançará o livro Sem medo do futuro, de sua autoria, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e irá encerrar a agenda à noite em ato de lançamento de pré-candidaturas do PSOL à Assembleia e à Câmara dos Deputados.
Foco econômico
Pré-candidato do Novo ao Palácio Piratini, Ricardo Jobim anunciou que o doutor em Economia Bruno Lanzer, com experiência acadêmica em Londres, foi integrado à sua equipe de campanha como consultor econômico. Para Jobim, a carga tributária elevada e a burocracia para empreender prejudicam a economia do Estado.