Só não vê, quem não quer: o MDB está rifando a senadora Simone Tebet, uma das cotadas para representar o grupo de partidos que se autodenomina Centro Democrático e busca um candidato para fazer frente ao ex-presidente Lula e ao presidente Jair Bolsonaro. Atraídos pelos bons índices de Lula nas pesquisas, líderes do MDB que ocuparam cargos estratégicos nos governos petistas não querem saber de candidatura própria nem de terceira via.
O fato de Dilma Rousseff ter sido traída por Michel Temer e de Eduardo Cunha ter sido o patrocinador do impeachment não inibe a aproximação de Lula com a banda do MDB que apoiou seu governo. Em nome do pragmatismo político, o senador Renan Calheiros (AL) e o ex-senador Eunício Oliveira (CE) capitaneiam o movimento de aproximação com o ex-presidente, que esbanja popularidade no Nordeste.
Lula também foi se aconselhar com o ex-presidente José Sarney (MA) e dele teria ouvido que ganhará o apoio do MDB porque só ele pode tirar Bolsonaro do poder. O jantar de Lula com senadores do partido de Temer — conselheiro de Bolsonaro na crise com o Supremo Tribunal Federal — é só mais um exemplo da elasticidade do MDB, expoente da filosofia do “se hay gobierno, soy a favor”.
Sem o MDB e sem Ciro Gomes (PDT), que os chama de “viúvas de Bolsonaro”, a terceira via perde musculatura e corre o risco de chegar ao dia 18 de maio desmilinguida. Mesmo com altos índices de rejeição, João Doria, não desiste e Eduardo Leite prega no deserto ou nos tapetes da Faria Lima, sem expectativa de ser o ungido. Sergio Moro quer ser candidato, mas o União Brasil dá sinais de que tem outros planos. Enquanto isso, o país caminha para uma disputa entre Lula e Bolsonaro, com a possibilidade real de que a eleição se resolva no primeiro turno.