A definição da escolha do candidato do MDB a governador no dia 27 de março, pelo diretório estadual, não acabou com o impasse que rachou o partido ainda em dezembro. Os derrotados pela maioria da executiva não se rendem.
Nesta segunda-feira (21), terão reunião na casa do empresário Luis Roberto Ponte para discutir uma forma de impedir a escolha do deputado Gabriel Souza, considerado favorito no diretório. Os mais exaltados com a fórmula escolhida são os que não desejam a vitória de Gabriel por entender que ele é excessivamente alinhado ao governador Eduardo Leite.
A ideia é convencer o deputado Alceu Moreira a desistir e lançar um terceiro nome, que poderia ser o do secretário de Planejamento de Porto Alegre, Cezar Schirmer. Falta combinar com Alceu, que segue firme na disposição de concorrer a governador, embora reconheça que a fórmula escolhida não o beneficia. Se todos os filiados votassem, suas chances seriam maiores.
O prazo para inscrição de candidatos se encerra na quinta-feira (24), às 9h, mas neste início de semana ninguém deve formalizar o registro.
Em comentário na página do MDB no Facebook, Schirmer escreveu: “Com a autoridade de quem foi eleito presidente do MDB em uma prévia em que votaram mais de 51.000 emedebistas em todo o Estado, não concordo com esta decisão restritiva, pouco democrática, excludente e desrespeitosa da tradição e história do nosso partido. Ganha-se a eleição quando a militância se entusiasma e vai à luta”.
Embora Schirmer venha sendo estimulado a concorrer na disputa interna por emedebistas como Marco Alba e Osmar Terra, e tenha a perspectiva de ganhar o voto de Pedro Simon e José Ivo Sartori, amigos do secretário o aconselham a não entrar na disputa do Piratini. Argumentam que seria “uma canoa furada”, já que na campanha eleitoral o incêndio da boate Kiss seria ressuscitado. A esses, Schirmer responde que seria uma oportunidade de se defender e mostrar que não teve responsabilidade na tragédia, mas diz que ora pensa em concorrer, ora conclui que é melhor não entrar no páreo.
Os militantes reclamam da demora na escolha do candidato. A base do MDB está ansiosa porque vê os demais partidos trabalhando por seus candidatos e não tem um nome para defender. Pegou mal entre os filiados o fato de, nos cards de divulgação do debate entre os candidatos que a Famurs promoverá na quinta-feira (24), em Torres, o MDB não aparecer.
A opção da executiva estadual por um colégio mais restrito deve-se à preocupação em não perder tempo com a disputa interna, já que é preciso conquistar aliados e o MDB corre o risco de ficar sozinho se deixar a escolha para mais tarde.