Com 45% dos votos na disputa com João Doria e seu poder político e econômico, o governador Eduardo Leite perdeu, mas não pode se considerar derrotado. Aos 36 anos, tem muito chão pela frente, embora esteja disposto a não concorrer a nada em 2022.
Aliados e adversários especulam que ele poderia concorrer à reeleição, mas isso significaria trair os deputados que votaram a favor de seus projetos contando que não seria candidato. É improvável que quebre a palavra dada.
Seus planos em caso de derrota, segundo disse mais de uma vez à coluna, é concluir o mandato, passar um tempo estudando no Exterior, trabalhar na iniciativa privada e retomar a vida pública em 2026. Poderia concorrer ao Senado, mas para isso teria de renunciar em abril.
Como não será candidato a presidente, Leite também fica desobrigado de tratar da própria sucessão pensando em apoios nacionais. Isso significa que o PSDB deverá ter candidato próprio para defender o legado de seu governo, porque nenhum dos outros fará, apesar de PP, MDB e PL ocuparem cargos no primeiro e segundo escalões.
O candidato natural seria o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, que trocou o PTB pelo PSDB com essa expectativa, mas os tucanos têm outros nomes na lista. O tempo de costuras está só começando. A prefeita de Novo Hamburgo, Fátima Daudt, que gostaria de disputar o Piratini, foi sondada pelo PSD, com a promessa de fazer dela a candidata à sucessão de Eduardo Leite. A prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, teria dificuldade para deixar a prefeitura depois do voto de confiança dado pelos eleitores em 2020.
Líderes do União Brasil, partido que resultou da fusão do DEM com o PSL, sonham com a possibilidade de atrair Leite para seus quadros. Uma troca de partido só faria sentido se Leite pretendesse concorrer a algum cargo e não tivesse espaço no PSDB. Não é o caso. A votação que ele fez na prévia indica que tem quase metade do partido na mão e é, portanto, candidato natural à Presidência em 2026.
Yeda em alta
Com a confirmação de João Doria como candidato do PSDB a presidente, a ex-governadora Yeda Crusius deve ter papel relevante na formulação do plano de governo e na campanha. Ela foi a única líder de expressão do PSDB gaúcho a se alinhar com Doria desde o início.
Neste domingo (28), ao comentar a informação de que Doria terá um grupo de seis economistas (três homens e três mulheres) na equipe que cuidará da área econômica no plano de governo, Yeda escreveu: "Sim, ele assinou em evento presencial com 4 mil, eu disse QUATRO MIL MULHERES, a carta-compromisso do PSDB Mulher pelos 50/50! Agora é pra valer!"