Com a variante Ômicron assustando o mundo e os países mais precavidos fechando suas fronteiras para viajantes da África e proibindo viagens de seus cidadãos, é espantoso que o governo brasileiro não tenha adotado imediatamente as recomendações da Anvisa. Não dá para esperar essa nova cepa do vírus se espalhar para fazer o óbvio: impor quarentena aos recém-chegados, como o Reino Unido fez com os brasileiros, testar, exigir vacinação.
No início da pandemia, o vírus entrou no Brasil pelos aeroportos, trazido por brasileiros que passaram as férias no Exterior ou por turistas. À época não se tinha vacina nem conhecimento acumulado para evitar a proliferação do vírus. Culpa-se o Carnaval, mas ele mesmo que as festas tivessem sido canceladas, o coronavírus teria chegado de qualquer forma.
Com o que se sabe hoje, é possível reduzir as chances de que essa variante detectada primeiro na África do Sul se espalhe pelo Brasil. E os aeroportos, portos e fronteiras terrestres são pontos de atenção. Quem faz essas recomendações não são os jornalistas, mas a Anvisa, o órgão do governo brasileiro responsável pela vigilância sanitária.
A Anvisa publicou nota técnica recomendando que o governo brasileiro adote medidas de restrições para voos e viajantes vindos de seis países da África (África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue). A agência não manda, sugere. O diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, passou o dia dando entrevistas e alertando para a necessidade de medidas imediatas, como fizeram Israel, Reino Unido e Estados Unidos.
A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, disse que a nova variante preocupa muito as autoridades do Rio Grande do Sul:
— Estamos melhor preparados tecnicamente para enfrentar uma possível nova variante, mas as precauções devem ser tomadas. Temos população vacinada, rede assistencial constituída, temos testagem, equipes treinadas, vigilância genômica para identificar o mais rápido possível a presença da nova variante, mas o Brasil precisa fechar o ingresso de pessoas dos países onde se constatou o vírus. No mais, é seguir rastreando todas as possíveis mutações do vírus.