Início da noite de sábado, estava saindo de um encontro virtual com mulheres incríveis que conheci no trabalho mas que se tornaram amigas para sempre quando recebi o telefonema de um amigo:
— Acredito que tu já saibas do Tomaz, o filho do senador Simon...
— Não, não sei. Estava num encontro virtual com amigas. O que houve?
Nisso, cai a ligação e pressinto que só pode ser notícia ruim. Quando enfim conseguimos retomar, meu amigo, pessoa próxima do senador, conta que Tomaz sofreu um infarto dentro de um supermercado, tentaram reanimar, mas faleceu ali mesmo. Pede que seguremos um pouco a informação porque Simon ainda não foi avisado. É praxe no jornalismo segurarmos informações sobre a morte de uma pessoa até que a família seja avisada. Vale para conhecidos, vale para desconhecidos que morrem em acidentes de trânsito, por exemplo.
Sinto um aperto no peito e penso nos filhinhos gêmeos de Tomaz, que vão completar um ano em 9 de outubro. Foi sobre eles que falei a última vez com o filho de Simon. Estava feliz porque o avô, vacinado, finalmente pôde conhecer os netinhos Pedro Simon Neto e Tomaz Simon Filho, que nasceram prematuros. Desde o início da pandemia, Simon, 91 anos, estava isolado em Rainha do Mar.
Foi no dia 8 de março. Publiquei em GZH a foto de Simon e Tomaz, cada um com um dos gurizinhos no colo. Penso na dor de Rafaela, que ficará sem seu companheiro e terá de contar aos meninos que o pai apaixonado por eles morreu tão jovem.
Penso na dor de Pedro Simon pai e nas tragédias que enfrentou nestes 91 anos. A primeira, a de enterrar o caçula Mateus, morto aos 11 anos em acidente de trânsito em que o carro dirigido pela mãe capotou a caminho de Rainha do Mar, em 1984. No carro estavam também os outros dois filhos, Tomaz e Tiago, hoje deputado. Todos ficaram profundamente marcados por aquele acidente. Deprimida, Tânia morreria algum tempo depois e os dois filhos acabariam sendo criados pelo pai e pelas tias.
Anos mais tarde, Simon conheceu Yvete Fülber, casou-se com ela e teve outro filho, o Pedrinho. Depois de tantas tristezas, a alegria voltava à casa da Avenida Protásio Alves, onde reencontrei Tomaz em um almoço, agora adulto e profundamente religioso, como o pai. No ano passado, publiquei a informação de que Tomaz seria candidato a vereador, mais um filho a seguir a carreira vitoriosa do pai. Pouco antes do registro, desistiu porque Rafaela estava grávida de gêmeos e ele queria se dedicar à mulher e às crianças. A última notícia que publiquei de Tomaz foi que tinha sido nomeado assessor do secretário de Planejamento de Porto Alegre, Cezar Schirmer.
A morte prematura do filho de Simon ocorreu com poucas horas de diferença do pai do meu querido amigo Daniel Scola, que se recupera de uma cirurgia delicada. Queria muito abraçá-lo nessa hora de dor, mas a pandemia, sempre ela, nos impede de confortar os amigos nos momentos difíceis. Pelo mesmo motivo, não irei ao enterro de Tomaz. É preciso ter consciência de que, com a variante Delta, não convém promover aglomerações. Deixo aqui minha solidariedade ao sempre senador Pedro Simon e à sua família.
Impossível não pensar na conversa de minutos antes com as amigas, cada uma na sua casa, falando dos nossos aprendizados na pandemia. Foi a querida Andiara Petterle quem disse, lembrando todas as perdas destes 18 meses: “Temos de ser felizes agora”. Sim, a vida é um sopro. Precisamos aprender o que realmente importa, viver cada minuto e parar de perder tempo com irrelevâncias.