O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), ameaçou cortar o abastecimento de água ao presídio estadual de Sapucaia do Sul, provido por uma autarquia do município. A medida é uma retaliação à redução dos recursos enviados à saúde de São Leopoldo, consequência do novo modelo de distribuição de incentivos para hospitais que entrou em vigor com o programa Assistir.
Como a casa prisional fica próxima ao limite entre os municípios, o governo estadual fez um pacto com a prefeitura de São Leopoldo no ano passado para viabilizar o fornecimento de água, em troca de um acréscimo mensal de R$ 500 mil nos repasses feitos ao Hospital Centenário.
Na visão de Vanazzi, como o novo modelo reduz os aportes para o hospital, o Piratini estaria descumprindo o pacto com a prefeitura.
— Se este programa for mesmo implementado no mês de setembro, vamos desligar a água. O acordo foi descumprido pelo governador e não por nós — afirmou.
O prefeito sustenta que o programa Assistir vai retirar cerca de R$ 36 milhões anuais dos hospitais do Estado. Essa interpretação é contestada pela Secretaria da Saúde, que garante que não haverá redução de gastos com os incentivos hospitalares.
— Nós já dissemos que não temos nada contra investimentos em hospitais filantrópicos, mas não admitimos que sejam retirados recursos dos hospitais públicos. É vestir um santo deixando outro desnudo. Todos os hospitais precisam de mais verbas, e não de realocação—completou Vanazzi.
Nesta quinta-feira (19), os prefeitos que integram a Associação de Municípios da Grande Porto Alegre (Granpal) subiram o tom contra o governo estadual e ameaçaram entrar na justiça contra o programa Assistir.
Lançado no começo do mês, o Assistir mudou as regras para definir a distribuição de incentivos financeiros aos hospitais gaúchos ligados ao SUS. Segundo o governo do Estado, as novas regras dão mais transparência e justiça para a divisão do bolo de dinheiro que vai para os hospitais, pois levam em conta os serviços prestados pelas instituições de saúde.