Ainda que boa parte dos gaúchos torça o nariz para o projeto do governador Eduardo Leite de tentar se credenciar como terceira via na eleição presidencial, ele vai disputar a prévia do PSDB, em 21 de novembro, com o regulamento a seu favor. A cúpula do partido definiu nesta terça-feira (15) as regras da disputa e rejeitou a proposta do governador de São Paulo, João Doria, de ampliar o peso dos filiados na escolha do candidato. Doria queria que o voto dos filiados sem mandato tivesse peso de 50%, mas a opção da comissão encarregada de definir as regras foi limitar a 25%.
Não é apenas Leite que se beneficia da regra aprovada pela executiva nacional do PSDB. O senador Tasso Jereissati, considerado entre os tucanos uma espécie de Joe Biden brasileiro, pela idade, pela moderação e pela falta de carisma como candidato, também poderá disputar a eleição interna, e tem mais força entre os dirigentes e detentores de mandato do que na base. O PSDB tem ainda um quarto pré-candidato, esse com menos chance dos que os outros, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.
Se o peso dos filiados sem mandato fosse preponderante, Doria seria beneficiado — em tese, pelo menos — porque São Paulo concentraria a maioria dos eleitores. O grupo de Doria tentou ampliar o peso dos filiados de 25% para 35%, mas foi derrotado por 20 votos a 11.
O colégio eleitoral será dividido em quatro grupos, cada um com peso de 25%. Além dos filiados registrados até 31 de maio deste ano, haverá um bloco de prefeitos e vice-prefeitos, um de vereadores, deputados estaduais e distritais e um de governadores vice-governadores, senadores, deputados federais, presidente e ex-presidentes da executiva nacional.
Na reunião da comissão, o ex-deputado José Anibal leu uma carta do presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, que se opôs à tese de Doria. Em outros momentos, FHC já deixou claro que não tem simpatia pela candidatura do governador paulista. Na avaliação do ex-presidente, a rejeição impede Doria de se credenciar como terceira via.
Caso nenhum dos candidatos conquiste a maioria absoluta dos votos, os dois primeiros disputarão o segundo turno uma semana depois, em 28 de novembro.
Vencer a prévia do PSDB é o primeiro obstáculo do escolhido dos tucanos na corrida presidencial. Com a eleição polarizada entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula, o escolhido terá de liderar esforço pela unidade dos que não querem um segundo turno entre os dois. Nessa construção, o PSDB poderá abrir mão da cabeça de chapa e apoiar um nome com maior potencial eleitoral, se assim indicarem as pesquisas.
Enquanto as sondagens mostram Lula e Bolsonaro na dianteira, com ampla vantagem sobre os demais pretendentes, nos bastidores, um grupo de empresários, políticos, ex-governadores, ex-ministros, cientistas sociais e profissionais liberais trabalha para viabilizar a terceira via. O grupo, batizado de "Derrubando muros", já ouviu Leite, Doria, Ciro Gomes, Luciano Huck, Luiz Henrique Mandetta e Sergio Moro. Uma nova rodada de conversa deve ocorrer nos próximos dias.
Um dos integrantes contou à coluna que os dois que se saíram melhor na sabatina foram Leite e Mandetta. Ciro não agradou pelo radicalismo e Doria pela agressividade. Huck está fora do páreo, por decisão própria de não ser candidato, já que renovou o contrato com a Globo e será o substituto de Faustão nas tardes de domingo.
Moro, mesmo aparecendo relativamente bem nas pesquisas, em comparação com os outros desse pelotão, não assume a candidatura e é considerado um nome de repertório limitado, carente de traquejo político e sem experiência de gestão para enfrentar uma campanha eleitoral complexa e radicalizada. O ex-juiz é cobiçado por outros candidatos para a vaga de vice.
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