Poucos antes das 13h desta quarta-feira (5), a prefeitura de Porto Alegre divulgou nota com o título “Vacinação da segunda dose de CoronaVac será retomada nesta quinta”. Tudo certo, não fosse por um detalhe: naquela hora, ainda havia centenas de pessoas nas filas dos postos e do drive thru da PUCRS. Gente que acordou cedo e foi para a fila, seguindo a orientação da própria prefeitura de que seriam vacinados aqueles que tivessem feito a primeira dose até 8 de abril.
Se ainda há doses disponíveis para aplicar na quinta-feira (6), por que mandar embora quem enfrentou chuva, frio, fome e vontade de ir ao banheiro, fazendo uma linha de corte na fila?
Se as doses tivessem acabado, tudo bem. Mas não. O que a prefeitura está fazendo é cruel. Essas pessoas terão de repetir o calvário amanhã, depois ou na semana que vem. Alguns passarão a noite na fila, porque descobriram hoje que não basta chegar às 7h.
A prefeitura explica que o problema é de logística. Que é preciso “fazer a reposição, avaliando o que restou no estoque e fazer a distribuição”. Ora, se são apenas três postos fixos e um drive thru, por que não se pensou em repor os estoques no momento em que se percebeu, já no início da manhã, que não faria sentido reservar doses para os dias seguintes?
Ainda de acordo com a nota, a proposta foi dividir as doses existentes — insuficientes para todo o público alvo — entres os postos e vacinar até sexta-feira, tentando evitar concentração maior. A tese pode até ser razoável, mas ainda muito cedo ficou claro que não funcionou. Faltou agilidade para rever o plano e poupar os porto-alegrenses — todos com mais de 60 anos ou profissionais de saúde — de um sacrifício que amanhã terá replay.
Com que ânimo voltarão para a fila os que estão com atraso de uma ou duas semanas para receber a segunda dose? É fato que a culpa pelo atraso não é da prefeitura: foi do Instituto Butantan que, por falta de insumos, não conseguiu entregar os lotes previstos em tempo hábil, e do Ministério da Saúde, que mudou a regra do jogo e deixou milhares de brasileiros a ver navios.
Recapitulando: no início, a recomendação a Estados e municípios era guardar a segunda dose para aplicar entre 21 e 28 dias depois da primeira. Quando a produção do Butantan deslanchou, o então ministro Eduardo Pazuello mudou a regra e mandou que se gastasse tudo na primeira dose.
Resultado: na hora de aplicar a segunda, faltou vacina. O problema não é só de Porto Alegre, que resolveu aplicar as pouco mais de 10 mil doses que tinha, mas errou no planejamento. Em outros municípios, a aplicação sequer foi retomada, porque o estoque era tão escasso que os prefeitos optaram por segurar e juntar com o próximo lote.
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