Prefeitos, governadores e secretários de saúde não sabem a quem se dirigir no Ministério da Saúde, porque desde a semana passada o país vive uma situação anômala: tem dois ministros — e quem tem dois não tem nenhum. Demitido de fato, mas não de direito, o general Eduardo Pazuello participa de reuniões ao lado do sucessor, o cardiologista Marcelo Queiroga, que ainda não foi nomeado porque a vaga não existe.
A explicação oficial para a demora, de fazer uma transição tranquila, podia fazer sentido na semana passada. Não faz mais. Em meio à pior crise sanitária da história do Brasil, não é aceitável uma transição sem fim, que faz os servidores do Ministério da Saúde andarem desnorteados, sem saber a quem devem obediência.
Nesta segunda-feira (22), a jornalista Andreia Sadi, da GloboNews, acrescentou um novo capítulo ao enredo, informando que a troca ainda não ocorreu porque o presidente Jair Bolsonaro quer garantir foro privilegiado a Pazuello, para que ele não seja alvo de ações judiciais Brasil afora. A ideia é criar o Ministério da Amazônia e nomear o general como titular.
A ser esse mesmo o motivo, é impossível não associar a manobra ao caso da nomeação do ex-presidente Lula, que trouxe para o noticiário o personagem conhecido por “Bessias”.
Lá se vão cinco anos. Dilma Rousseff caiu em um grampo telefônico (ilegal, se saberia mais tarde). Na ligação, avisou a Lula que estava mandando o termo de posse por Jorge Messias, subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil. Como estava gripada, na gravação, Messias virou “Bessias”. A divulgação, pela força-tarefa da Operação Lava-Jato, foi o primeiro ato da implosão do plano de nomear Lula chefe da Casa Civil para garantir-lhe foro privilegiado, caso corresse o risco de ser preso.
O destino de Pazuello não é o único entrave à consumação da troca de comando. O site O Antagonista informou que o centrão tentará tirar Queiroga antes mesmo de assumir o cargo, o que equivale a transformá-lo em mais uma Viúva Porcina, personagem de Regina Duarte na novela Roque Santeiro, “a que foi sem nunca ter sido”.
Queiroga é um cardiologista de renome. Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, não precisa do cargo. Ser humilhado pelo centrão antes de assumir é indicativo de que não terá vida fácil no ministério. Os adversários estão escarafunchando seu passado e tratando como denúncia até uma acusação de apropriação indébita de recursos previdenciários que a Justiça considerou improcedente.
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