Com água, sabão e escova, a Fonte Talavera, monumento em frente à prefeitura de Porto Alegre, recuperou as cores originais, escondidas debaixo da fuligem e dos excrementos dos pombos. A faxina, que poderia ser apenas um ato de rotina, tem efeito simbólico: com ela, o prefeito Sebastião Melo e o secretário de Planejamento e Projetos Estratégicos, Cezar Schirmer, querem mostrar que a promessa de dar atenção à estética da cidade, feita no dia da posse, é para valer.
Caberá a Schirmer coordenar um ambicioso projeto de revitalização do Centro Histórico, que inclui limpeza, iluminação, ajardinamento, segurança e até a recuperação do piso da Rua da Praia. O trabalho começou pela Praça Montevidéu, em frente à prefeitura, para dar o exemplo. Seguirá com a restauração do Mercado Público e com a demolição ou recuperação do prédio conhecido como “esqueletão”, na Rua Marechal Floriano.
— Vamos florir a cidade — promete Schirmer, inspirado nas cidades que recuperaram seus centros históricos e espalham flores para melhorar a aparência.
Como a prefeitura tem limitação de recursos, a ideia é buscar parcerias com a iniciativa privada. Schirmer acredita que os comerciantes serão os maiores interessados em ver o centro revitalizado, para atrair turistas e clientes da própria capital.
Além das mudanças cosméticas, o secretário de Planejamento sonha com alterações mais profundas — literalmente. Uma delas é “enterrar o trensurb” a partir da Estação Rodoviária. Mesmo se tratando de uma obra cara, para a qual a prefeitura não tem dinheiro, Schirmer diz que é viável, por meio de parcerias:
—Não são 10 quilômetros. Eu mesmo medi. São 1.430 metros de extensão. Se existe tecnologia para construir um túnel no Canal da Mancha, ligando a França e a Inglaterra, o que é transformar o Trensurb em um metrô subterrâneo nesse trechinho? — pergunta.
O secretário diz que Porto Alegre é a única capital brasileira que não fez uma intervenção profunda em seu Centro Histórico:
— Nosso Centro é lindo, tem uma arquitetura preciosa e é o espaço coletivo por excelência, mas precisa ser revitalizado. Todas as grandes cidades já fizeram isso.
Uma das ideias do prefeito é oferecer desconto no IPTU para os proprietários que concordarem em pintar prédios hoje escurecidos pela poluição. Outra, é chamar artistas para produzir obras de arte nas paredes cegas de edifícios.
Prefeita interina
Pela primeira vez em seus 38 anos de existência, o município de Capão da Canoa está sendo administrado por uma mulher. A vice-prefeita Juliana Martin, 30 anos, assumiu a prefeitura logo depois da posse.
O prefeito reeleito, Amauri Germano, está se recuperando da cirurgia cardíaca a qual foi submetido no dia 3 de novembro, ainda durante a campanha – duas pontes de safena e uma mamária.
Vitorioso, o prefeito recebeu o diploma, tomou posse em 1º de janeiro e pediu licença para cuidar da saúde, já que o processo de recuperação é lento. Com a imunidade mais baixa, Amauri teme ficar exposto em meio à pandemia.
