Nas primeiras entrevistas que deu após ser eleito, o prefeito Sebastião Melo deu poucas pistas dos critérios que usará para montar o secretariado. Usou o clichê da combinação de “competência técnica com sensibilidade política”, mas admitiu alterar a atual estrutura administrativa, modificada de forma radical pelo prefeito Nelson Marchezan. Em 2017, o número de postos com status de secretário caiu de 37 para 15.
Coordenador da transição indicado por Melo, o vereador eleito Cezar Schirmer, diz que o organograma ainda está sendo estudado, mas opinou que “15 é pouco”:
— Não conheço nenhuma capital com apenas 15 secretarias. O ideal seria termos 19 ou 20, para distribuir melhor as atividades.
Schirmer cita o exemplo da Secretaria de Serviços Urbanos (Smsurb), que considera grande demais para ser gerida por um secretário. Quando foi criada, a Smsurb absorveu o DMLU, os serviços de manutenção do Dmae e do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), além da operação do sistema de proteção contra cheias, a iluminação pública (que estava na antiga SMOV), a poda de árvores e a manutenção de brinquedos de praças, que estavam na antiga Secretaria do Meio Ambiente.
Ex-titular da Secretaria de Serviços Urbanos, o vereador Ramiro Rosário (PSDB) concorda que “é muito poder concentrado na mão de apenas uma pessoa”. E alerta:
— Quem quiser usar a secretaria para o mal, causaria um prejuízo incalculável para a cidade. Ela ser tão ampla e complexa também exige uma equipe técnica muito qualificada. Se for uma “equipe política” poderá não atender a cidade como um todo.
Ramiro diz que sob sua gestão foram feitas reformulações importantes na forma como a cidade contrata os serviços:
— Considero isso um grande legado, que poderá ser levado adiante mesmo que a secretaria seja dividida.
Outra secretaria que deve ser dividida é a de Planejamento e Gestão. A equipe do prefeito eleito considera necessário separar a burocracia do governo do planejamento estratégico. A ideia, ainda embrionária, é recriar a Secretaria da Administração, incorporando a área de recursos humanos.
Melo começou a conversar na quarta-feira (2) com os presidentes dos partidos aliados para explicar a lógica de montagem do secretariado, a partir do programa Vozes da Cidades, que montou o plano de governo por áreas. Eram vinte grupos de trabalho. Agora, os partidos aliados estão indicando técnicos para cada uma dessas áreas. Os grupos se reunirão entre esta sexta-feira (4) e o dia 8 para consolidar as sugestões. Nos dias 10 e 11, em um seminário do futuro governo, serão apresentadas as propostas para cada área. Só a partir do dia 12 Melo começará a anunciar os secretários.
Ainda não está definido se as secretarias serão entregues aos partidos de “porteira fechada”, jargão usado para definir o modelo em que um partido assume determinada área e ocupa todos os cargos. Schirmer não tem simpatia por esse modelo, por propiciar a formação de feudos.
O coordenador da transição também considera importante, para inovar no modelo de gestão, romper com o passado. Isso significa montar a equipe sem partir do princípio de que a área social é território do PTB ou que a educação, por tradição, deve ficar com o PDT (se é que o partido vai participar do governo), ou pensar em nomes que já ocuparam cargos nesta ou naquela área.
Aliás
Quando anunciou o apoio a Sebastião Melo depois da renúncia de José Fortunati, o PTB reivindicou, em caso de vitória, o comando do Dmae. O então candidato não chegou a se comprometer com cargos, mas prometeu valorizar o partido, que foi decisivo para sua vitória.
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