Se o prefeito eleito Sebastião Melo (MDB) não quiser fazer aventura em uma das áreas mais delicadas da administração de Porto Alegre, a Secretaria da Fazenda, basta convidar para continuar no cargo do atual secretário, Leonardo Busatto. Se Busatto aceitaria ou não, isso se saberá se for convidado, mas sua indicação seria uma espécie de selo de qualidade em uma área que não comporta amadorismo.
Busatto não precisa de emprego (é funcionário de carreira da Secretaria Estadual da Fazenda) e não entraria no loteamento político. Melo o conhece desde criança, porque é filho da ex-vereadora Clênia Maranhão do ex-deputado Cezar Busatto, que foi secretário estadual da Fazenda e secretário municipal em Porto Alegre. Conhece também seu trabalho irrepreensível como secretário da Fazenda do governo Nelson Marchezan.
Quando Busatto foi convidado, por indicação de pessoas da confiança de Marchezan, os dois mal se conheciam. Acabaram criando um vínculo de confiança e Busatto só pediu para sair no início deste ano por razões familiares: seu segundo filho acabara de nascer e ele queria mais tempo para a família.
Agora, às vésperas do final do governo, Marchezan o chamou de volta para fechar as contas e fazer a transição na Fazenda. Aceitou para colaborar com o prefeito, confirmando que a saída fora negociada e suas razões compreendidas por Marchezan, que é pai de três meninos.
Um obstáculo tanto para o convite quanto para a aceitação, caso Melo entenda que é o nome mais preparado, é a posição de Busatto em relação à correção da planta do IPTU, que resultou em redução para parte dos proprietários de imóveis e em aumento para outros.
Melo prometeu revogar os aumentos que entrarão em vigor a partir de 2022. O secretário da fazenda foi peça chave na elaboração do projeto e o defendeu, na Câmara e na imprensa, com unhas e dentes. O vereador Ricardo Gomes (DEM), hoje vice de Melo, se opôs ao aumento do IPTU e acabou se demitindo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e, mais tarde, rompendo com Marchezan.