A reforma do secretariado de Eduardo Leite para a segunda metade do governo vai além da substituição do chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, que deseja sair em janeiro. O secretário de Parcerias Estratégicas, Bruno Vanuzzi, também pediu demissão. Vanuzzi recebeu um convite da iniciativa privada e deixará o governo no dia 31 de dezembro para trabalhar no setor imobiliário, em Porto Alegre.
— Saio com a sensação de dever cumprido, depois do sucesso do leilão de concessão da RS-287. Quero ter uma experiência no setor privado, depois de 20 anos na área pública — disse Vanuzzi.
A substituição na Secretaria de Parcerias Estratégicas deve ser caseira, mas a Casa Civil envolve negociações políticas e exige uma construção mais sofisticada. Não está descartada a possibilidade de remanejamento de secretários, nem do aproveitamento de Otomar em outra área. O governador considera o chefe da Casa Civil um assessor leal e dedicado. Nos bastidores, especula-se que o destino de Otomar pode ser uma diretoria do BRDE.
Uma coisa é certa: na reorganização da equipe, Leite levará em conta a fidelidade das bancadas aliadas ao governo na votação do projeto que manteve as alíquotas de ICMS elevadas por mais um ano. O PTB, único partido que votou 100% alinhado com o governo, deverá ter sua fidelidade compensada, mas ainda não há definição sobre que espaços ganhará no governo. O prefeito de Canoas, Luiz Carlos Busato, que ficará sem mandato a partir de 1º de janeiro, é uma das indicações do PTB.
Em compensação, o DEM, que votou fechado contra o governo, deverá perder espaço. Hoje, o suplente de deputado Rodrigo Lorenzoni ocupa a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico, que será desmembrada assim que o governador aprovar o projeto de alteração da estrutura administrativa aprovado pela Assembleia. Embora Lorenzoni tenha feito uma defesa convicta do projeto do governo, os deputados do DEM não só votaram contra, como se comportaram como oposição nos discursos.
Mesmo filiado ao PP, Otomar foi convidado para a Casa Civil na cota pessoal do governador. Por isso, seu substituto não deverá ser do partido. Um nome possível é o do secretário dos Transportes, Juvir Costella (MDB), que retornou à Assembleia para votar o projeto do ICMS e, além de fazer um discurso contundente de defesa do governo, deu um voto decisivo para a aprovação, já que sua suplente, Patricia Bazotti Alba, votaria contra.
Nesta quarta-feira (23), na inauguração da duplicação da RS-118, Leite elogiou Costella pela coragem de assumir uma secretaria carente de recursos e agradeceu pela lealdade do secretário. Os outros dois deputados do MDB que teriam perfil para ser secretários (Carlos Búrigo e Vilmar Zanchin) votaram contra. Gabriel Souza, que ajudou a aprovar o projeto, será presidente da Assembleia em 2021.
O PP, que ocupa a Secretaria da Agricultura, com Covatti Filho, não deve ter espaço ampliado, apesar do desejo do governador de ter o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, na equipe. Pasin deixa a prefeitura em 1º de janeiro, depois de oito anos, e diz que não foi sondado para o secretariado. Seu projeto imediato é tirar duas semanas de férias com a família em Torres.
Covatti, que deixará a secretaria entre 15 de janeiro e 15 de fevereiro para assumir o mandato e votar na eleição da Mesa da Câmara, além de indicar as emendas parlamentares, disse que não pensa em deixar o governo. O presidente da Assembleia, Ernani Polo, também é cotado para o secretariado, no caso de Covatti decidir permanecer em Brasília. Polo foi secretário da Agricultura no governo Sartori.
No topo da lista dos nomes que Leite gostaria de ter em sua equipe está o do economista Aod Cunha, que entrou para a história como o secretário da Fazenda que conseguiu zerar o déficit no governo de Yeda Crusius, sem aumentar impostos. O governador tentou levar Aod para o secretariado logo depois de eleito, em 2018, mas o economista não aceitou porque tinha compromissos profissionais que não poderia romper, como conselheiro de empresas.
Recentemente, Leite renovou o convite ao economista, com quem se aconselha com frequência não apenas sobre questões relacionadas à área de finanças, mas, principalmente sobre projetos estratégicos. Disse que Aod poderia escolher a pasta que quisesse, mas o ex-secretário da Fazenda não de uma resposta definitiva.
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