Assim que saiu o resultado do leilão para a concessão da RS-287, no trecho Tabaí-Santa Maria, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, ligou para o governador Eduardo Leite, cumprimentando pelo sucesso da concorrência. Atento ao que ocorre no país, o ministro sabe que o interesse de quatro consórcios pela rodovia é um excelente sinal também para o governo federal, que planeja conceder à iniciativa privada, no mesmo pacote, a BR-116 Sul e a BR-290, no mínimo o trecho Eldorado do Sul-Pantano Grande — o ideal seria estender pelo menos até Santa Maria.
Não é pouca coisa um deságio de 54,4% na tarifa inicial do pedágio para uma estrada que será, finalmente, duplicada. Detalhe: esta é uma rodovia pela qual o usuário já paga pedágio à Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) no trecho Tabaí-Candelária, sem obter o retorno adequado. A tarifa atual, de R$ 7, cairá para R$ 3,36 com a concessão.
É fato que hoje são duas praças (R$ 14) e com a concessão serão cinco (R$ 16,80), mas a estrada, que hoje é precária, terá de oferecer melhores condições de tráfego desde os primeiros meses. E o mais importante: será duplicada ao longo do contrato, começando pelo trecho mais movimentado, entre Tabaí e Santa Cruz do Sul.
A concessão começou a ser estruturada no governo de José Ivo Sartori. Por reconhecer a importância do trabalho que herdou, Leite convidou o deputado Carlos Búrigo para acompanhar o leilão, na Bolsa de Valores de São Paulo, mas o ex-secretário não conseguiu comparecer.
Leite está eufórico com o resultado, não apenas pelo deságio, mas pelas perspectivas que se abrem para os próximos lotes. No próximo ano, o Estado pretende licitar mais 1.150 quilômetros de rodovias, em quatro lotes. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o secretário de Parcerias Estratégicas, Bruno Vanuzzi, citou os trechos que estarão nesse pacote. Entre eles, a RS-324, também conhecida como Estrada da Morte no trecho Marau-Passo Fundo, e a RS-122, principal ligação de Caxias do Sul com a Região Metropolitana.
Logo depois de bater o martelo no leilão, Leite disse à coluna que estava eufórico e entusiasmado com a possibilidade de suprir a falta de recursos públicos com uma concessão que permitirá resolver um dos gargalos de logística do Estado:
— Estou muito feliz. Além do deságio de 54,4%, a espanhola Sacyr uma das maiores empresas de engenharia do mundo, que tinha interesse em se instalar no Brasil e identificou uma grande oportunidade no Rio Grande do Sul. Tenho certeza de que essa concessão será um grande instrumento de transformação econômica para toda a região cortada pela 287.
Leite aproveitou o ensejo para defender a necessidade de aprovação do projeto de prorrogação das alíquotas do ICMS:
— O investimento é uma demonstração de confiança na estabilidade do Estado. Precisamos demonstrar aos futuros investidores que temos contas equilibradas e um ambiente seguro para investir.
O governador lembrou que há 23 anos o Estado não fazia uma concessão rodoviária. Em 30 anos, a empresa que administrará a RS-287 deverá investir R$ 2,7 bilhões, o que inclui a construção de duas pontes, sobre os Rios Jacuí e Taquari. Desse total, R$ 1 bilhão serão investidos nos primeiros 10 anos. Entre 2014 e 2018, o governo do Estado investiu R$ 195,7 milhões na estrada. Nos primeiros cinco anos da concessão, o aporte financeiro será de R$ 599,1 milhões.
Aliás
As últimas concessões rodoviárias não deixaram saudade porque o pedágio era caro e os contratos, por serem de curta duração, não previam obras de porte como agora, em que serão duplicados 204,5 quilômetros da RS-287.