Em um ano ímpar, a decisão sobre a volta às aulas em meio à pandemia de coronavírus já seria complexa, polêmica e difícil de ser tomada pelos gestores públicos. Às vésperas de uma eleição municipal, com metade dos prefeitos concorrendo à reeleição, torna-se ainda mais delicada. Isso explica a gritaria e a reclamação dos prefeitos de que o governador Eduardo Leite lavou as mãos e jogou a responsabilidade no colo deles.
Não é bem assim. O comitê de crise ouviu todos os envolvidos e, pela diversidade de opiniões, concluiu que jamais haveria consenso. Qualquer decisão seria contestada porque esse é o tipo de problema em que todo mundo tem razão, mesmo que as posições sejam radicalmente opostas.
Os pais que têm medo de mandar os filhos de qualquer idade para a escola têm tanta razão quanto os que clamam pela reabertura porque tiveram de voltar a trabalhar e precisam deixar as crianças em um local que ofereça, além de segurança, estímulo ao desenvolvimento intelectual.
Está certo o prefeito que não quer reabrir as escolas porque considera necessário esperar que a curva de contágios baixe mais. Mas não está errado o prefeito de um município que teve pouquíssimos casos e nenhuma morte ou que se sente capaz de adotar os protocolos de segurança necessários, mantendo em casa professores e funcionários que integram o grupo de risco.
Os sindicatos de professores resistem à retomada das aulas presenciais, e estão no seu direito, mas os prefeitos e o governador não podem simplesmente cruzar os braços e esperar pela vacina.
É verdade que em nenhum país desenvolvido as aulas foram retomadas antes que a curva registrasse queda consistente e muitos tiveram de voltar atrás, mas o Rio Grande do Sul não é um bloco homogêneo. Cada cidade tem suas características, as escolas não são iguais, as famílias têm realidades distintas.
O decreto do governo do Estado não obriga os prefeitos a reabrirem as escolas. Apenas levanta as restrições, seguindo um calendário que começa pela Educação Infantil, a partir da próxima terça-feira. Os prefeitos terão de decidir, colocando na balança todos os prós e os contras. Mas a decisão final mesmo será dos pais, que precisarão avaliar os riscos que envolvem a volta às aulas, a capacidade da escola de proteger seus filhos e as perdas decorrentes de estender a quarentena por tempo indeterminado.
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