O jornalista Paulo Egídio colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
A disputa que divide o PP de Pelotas e levou à Justiça Eleitoral o imbróglio sobre candidatura do ex-prefeito Adolfo Fetter Júnior embaralha o quadro eleitoral no maior município do Sul do Estado. Na semana decisiva para as convenções, partidos que sinalizam apoio a Fetter, como o DEM, cogitam um eventual "plano B", enquanto a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), que disputará a reeleição e desejava ter o vereador progressista Roger Ney como vice, foi homologada pela convenção tucana sem um companheiro de chapa. Dividida, a esquerda terá cinco candidatos no município.
A confusão no PP começou ainda em agosto, quando o grupo de Fetter convocou uma pré-convenção e alçou o ex-prefeito ao posto de candidato. O evento ocorreu à revelia de Roger Ney, então presidente do diretório municipal, que anulou o ato na Justiça. Na convenção, o diretório decidiu, por maioria, que o partido deveria integrar a chapa de Paula ao invés de lançar Fetter.
Dias depois, o grupo do ex-prefeito apresentou recurso à executiva estadual, que decidiu anular a convenção e bancar a candidatura de Fetter. Ney conseguiu liminar na Justiça Eleitoral revalidando a convenção municipal, mas Fetter recorreu e conseguiu reverter a decisão. Nesta quarta-feira (15), o presidente estadual do PP, Celso Bernardi, destituiu Ney da presidência do partido em Pelotas.
Diante da indefinição, a convenção do PSDB, que ocorreu na tarde desta quarta, deixou em aberto o nome do candidato a vice de Paula. Se Ney conseguir vencer a contenda judicial até 26 de setembro, prazo limite para o registro das candidaturas, será confirmado na chapa. Na cédula entregue aos convencionais, o PP estava listado entre os partidos que integram a aliança governista, junto ao PTB, PSL, PSD, PL, Republicanos, Solidariedade e Cidadania (este último, decidiu mais tarde, em sua convenção, apoiar Fetter Júnior).
— Se o PP, através de Roger, em função de toda essa questão não puder (indicar o vice) o grupo (de partidos) vai escolher uma outra pessoa - afirmou o presidente do PSDB de Pelotas, Gilberto Cunha.
Até o momento, os tucanos não sinalizaram quem será o escolhido de Paula caso Ney não esteja apto a compor a chapa. O atual vice-prefeito, Idemar Barz (PTB), é um dos cotados para o posto.
Frente de partidos
Enquanto trabalha para garantir a candidatura na Justiça Eleitoral, Fetter Júnior organiza uma frente de pequenos partidos que sustentará sua tentativa de retomar a cadeira que ocupou entre 2006 e 2012. Além da metade do PP pró-Fetter, a aliança conta com PRTB, Patriota, Pros, PTC, PSC, Avante, Cidadania e PV.
Ainda nesta terça, a convenção do DEM deve chancelar o apoio do ex-prefeito e sugerir um candidato a vice.
O MDB, que confirmou o lançamento do advogado e professor Fabrício Matiello como postulante à prefeitura, aguarda a definição do diretório estadual sobre a disponibilidade de recursos para a campanha. Se o valor não for considerado suficiente, o partido também indica que integrará a aliança de Fetter.
Em um outro cenário, caso Fetter se inviabilize, DEM e MDB trabalham com a ideia de formar uma chapa entre si, encabeçada por Mattielo.
Correndo por fora, o Podemos indicou o jornalista Marcelo Oxley como candidato a prefeito e deve concorrer sem alianças.
Esquerda dividida
Pelo menos cinco partidos de esquerda e centro-esquerda lançarão candidatos próprios em Pelotas. No PT, a grande novidade é que pela primeira vez, desde 1996, o candidato não será da família Marroni. Deputado estadual e prefeito do município entre 2001 e 2004, Fernando Marroni disputou os pleitos de 1996, 2000, 2004, 2008 e 2012. Sua esposa, a ex-deputada Miriam Marroni, concorreu em 2016 e ficou em quarto lugar.
Neste ano, o partido lançou o vereador Ivan Duarte, em chapa pura, com Ìyá Sandrali como candidata a vice.
O técnico agrícola Tony Sechi concorrerá pelo PSB, em coligação com o PCdoB, que indicou Renato Abreu para compor a chapa. Sechi preside o PSB de Pelotas, foi assessor do ex-deputado Beto Albuquerque e trabalhou na campanha de Eduardo Campos e Marina Silva em 2014.
O PDT, por sua vez, deve lançar o ex-presidente do Conselho Municipal de Cultura Dan Barbier, em chapa pura. Nome histórico do partido na cidade, o ex-prefeito Anselmo Rodrigues, o "Governaço", é pré-candidato a vereador.
O professor Julio Domingues é o postulante do PSOL. Já o PCO lançará Eduardo Ligabue e José Nilson Koms Maesk como candidatos a prefeito e vice, respectivamente.
Colaborou Frederico Feijó