General da reserva do Exército Brasileiro, o vice-presidente Hamilton Mourão virou soldado na visita de uma hora ao Instituto do Câncer Infantil (ICI-RS), na tarde de sexta-feira (21).
– A partir de hoje, serei um soldado desta causa – disse Mourão emocionado, depois de receber o título de sócio benemérito e a “medalha da coragem”, entregue pela menina Tais da Costa Silva, paciente que teve de amputar uma perna e é um dos símbolos da luta contra o câncer.
Por causa do coronavírus, Taís foi a única paciente a ter contato com Mourão e com os convidados para a homenagem, entre os quais o governador Eduardo Leite, o presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo, e o deputado Luciano Zucco, idealizador da visita.
Autor da lei que institui a política estadual de enfrentamento ao câncer infanto-juvenil, Zucco foi responsável por convencer Mourão a sair de Brasília apenas para conhecer o ICI-RS e receber a medalha e uma cópia do texto legal, batizado de Lei Manu. Zucco entregou exemplares da lei às autoridades e aos pais da menina Emanuele Mader dos Santos, que ele conheceu quando fazia tratamento em Passo Fundo, e morreu em 2019.
— Até então eu era focado nos temas da segurança, mas quando conheci a Manu, que tem uma irmãzinha gêmea, descobri uma causa pela qual quero lutar com todas as minhas forças — disse Zucco.
Os discursos emocionados e a presença dos pais de Emanuele, cuja foto estampava um cartaz, levaram vários dos presentes às lágrimas. Nem o general durão se segurou.
— O general não tinha noção do que é o trabalho do Instituto do Câncer Infantil. Ficou impressionado e prometeu ajudar no que estiver ao alcance dele — contou Zucco.
O deputado também entregou 40 mil máscaras doadas pela CMPC ao ICI-RS. Outro soldado da causa, o músico Borghettinho impressionou Mourão com a execução do Hino Riograndense na gaita.
O superintendente do instituto, Algemir Brunetto, espera contar com o apoio de Mourão para que o Congresso aprove lei nacional, semelhante à do Rio Grande do Sul, para aumentar as chances de cura das crianças com câncer, a partir do tratamento precoce.
O projeto apresentado por Zucco foi construído a muitas mãos, sob orientação técnica de oncologistas e com a participação do Ministério Público, da Secretaria Estadual de Saúde, da Secretaria de Saúde de Porto Alegre e dos hospitais parceiros do ICI-RS.
— Acredito que com essa lei teremos avanços muito expressivos no tratamento do câncer infantil. A partir de agora, o sistema de regulação vai oferecer às famílias que dependem do SUS a possibilidade de encaminhamento da criança para um dos seis centros especializados do Estado, o que assegura tratamento qualificado e aumenta as chances de cura.
A Secretaria da Educação deverá editar uma cartilha para distribuir aos professores ensinando como identificar sinais e sintomas de câncer nas crianças.
— A lei está muito bonita. Agora precisa sair do papel — diz Brunetto.
Mourão deixou a sede do ICCI sem dar entrevistas. Cerca de 40 homens fizeram a segurança do vice-presidente, que jantou com amigos em Porto Alegre e retorna a Brasília na manhã deste sábado.