Como o próprio prefeito Nelson Marchezan já esperava, a autorização para os jogos da dupla Gre-Nal no próximo domingo (2), que na prática significa a liberação do futebol em Porto Alegre, ampliou a pressão pela flexibilização das restrições às atividades econômicas. Marchezan resistia em liberar o futebol porque temia ficar sem discurso para sustentar as restrições à construção civil, ao comércio e aos serviços considerados não essenciais.
O prefeito acabou cedendo aos apelos da Federação Gaúcha de Futebol e dos dirigentes da dupla Gre-Nal e agora enfrentará cobranças ainda mais incisivas para abrandar as regras. O comércio, que já perdeu o Dia das Mães, a Páscoa e o Dia dos Namorados, não quer perder a janela do Dia dos Pais, que costuma salvar as vendas de agosto. Depois, restarão apenas o Dia da Criança e o Natal como datas de boas vendas.
Os dados disponíveis até o momento indicam que a Região Metropolitana continuará na bandeira vermelha na próxima semana. Embora a ocupação de UTIs tenha apresentado estabilização nesta semana — e a pressão sobre o sistema tenha diminuído com o acréscimo de novos leitos — não há segurança de que a situação esteja sob controle.
Em um mês, a ocupação de leitos de UTI subiu 150%. Nos últimos dias, a queda foi de 3%, com o número de pacientes da covid-19 em UTI oscilando entre 300 e 306. Marchezan acena com um calendário de flexibilização das atividades econômicas, a ser discutido com dirigentes empresariais na próxima semana, mas a liberação deverá ser gradual. Dificilmente será atendida a demanda do comércio de abertura das lojas para o Dia dos Pais.