Nem oito, nem 80. Depois da ameaça de rebelião de prefeitos inconformados com a bandeira vermelha em suas regiões, a resposta do governador Eduardo Leite foi a revisão dos indicadores da semana passada, a mudança no calendário e uma alteração pontual no modelo de distanciamento controlado. De certa forma, Leite entregou os anéis para salvar os dedos. Cedeu até o limite de não deformar o plano. Um passo a mais e a credibilidade ficaria comprometida.
Apresentadas por Leite como resultado do diálogo com os prefeitos, as mudanças discutidas em dois dias seguidos de reunião do gabinete de crise resultaram na revisão das bandeiras de Santa Maria e Santo Ângelo, de vermelha para laranja. Prefeitos das regiões da Serra e da Fronteira tentaram, mas não conseguiram reduzir o nível de restrições. Os municípios incluídos nas regiões de Caxias do Sul e de Uruguaiana seguem com bandeira vermelha até a próxima terça-feira.
Agora, os prefeitos terão espaço para questionar as bandeiras a partir da apresentação de dados. O modelo não muda. A partir da próxima semana, os dados serão consolidados às quintas-feiras. Na sexta, a equipe técnica roda o modelo que define a bandeira de cada um dos 11 indicadores, faz a média ponderada e define o nível de risco de cada região.
Com o anúncio das bandeiras na sexta-feira, os prefeitos terão o sábado e domingo para apresentar seus argumentos, caso discordem da classificação. O gabinete de crise analisa as ponderações na segunda-feira e anuncia as cores que deverão vigorar a partir de terça.
Ao longo da semana, o Piratini emitirá alertas aos prefeitos, se identificar piora nos indicadores, para que ninguém reclame de ter sido surpreendido. Nesta terça-feira (16), Leite já sinalizou que, a persistir esse ritmo de crescimento das internações em UTIs, combinado com a piora de outros indicadores, a Região Metropolitana será pintada de vermelho já no próximo sábado. O governador elogiou os prefeitos que estão adotando medidas preventivas e voltou a apelar para que a população colabore evitando aglomerações.
Aliás
O procurador-geral do Ministério Público de Contas, Geraldo da Camino, propôs ao TCE que ações ou omissões prejudiciais à saúde pública sejam causas de rejeição de contas de gestores municipais.
Critérios técnicos
Eduardo Leite ficou incomodado com as insinuações de políticos e de empresários de que teria usado critérios políticos para livrar da bandeira vermelha as regiões de Pelotas, Porto Alegre e Novo Hamburgo, porque os municípios sede são governados por tucanos.
— Essa insinuação chega a ser risível. Nossa resposta está nos dados e na ciência — comentou sem esconder a irritação.
O governador detalhou os indicadores de cada uma das regiões em que houve questionamento no fim de semana. Lembrou que cada região é formada por dezenas de municípios, governados por prefeitos e vices de diferentes partidos.