De uma previsão de superávit de R$ 20 milhões em 2020, a prefeitura de Porto Alegre passou a trabalhar com cenários dramáticos para as finanças públicas em consequência da crise do coronavírus. Os estudos elaborados pela equipe da Secretaria Municipal da Fazenda apontam para um déficit de R$ 666 milhões se as restrições à atividade econômica se limitarem ao mês de abril. Esse número é superior ao déficit herdado em 2017 (R$ 506 milhões) e recuperado com o ajuste fiscal feito ao longo de três anos.
Três meses de restrições elevariam o déficit para R$ 1,2 bilhão. Na hipótese extrema de se prolongar por 120 dias, o rombo pode chegar a R$ 1,385 bilhão.
O prefeito Nelson Marchezan diz que, mesmo no cenário mais otimista, de retomada das atividades em maio, a economia vai demorar para engrenar. Não será de uma hora para outra que as pessoas voltarão a consumir, até porque a previsão é de aumento do desemprego.
— A ocupação dos hotéis não será automática, as viagens suspensas não serão realizadas tão cedo, os serviços em geral voltarão aos poucos — avalia Marchezan.
A prefeitura vem pagando os salários em dia. Como ainda tem em caixa parte da arrecadação de IPTU, é possível que consiga quitar a folha de abril sem maiores transtornos, mas os meses seguintes serão de incertezas. O prefeito já determinou a renegociação de contratos para enfrentar a perda de receita.