A pressão sobre o governador Eduardo Leite para rever o decreto que restringe as atividades econômicas em todo o território do Rio Grande do Sul aumentou nas últimas horas. A demanda dos empresários do comércio ganhou o apoio de prefeitos e deputados estaduais que querem abrandar as restrições nos municípios que não têm casos confirmados de contaminação pelo coronavírus.
O presidente da Assembleia, Ernani Polo, encampou a demanda dos empresários do comércio, que defendem a retomada das atividades econômicas, se houver autorização das autoridades da área de saúde. Polo sugere que se adote o protocolo elaborado pela Fecomércio, que prevê uma série de cuidados para evitar aglomerações.
O deputado tem sido cobrado por empresários, que querem a suspensão das restrições e alegam que a quebra da economia poderá matar mais do que o vírus. Um dos prefeitos com quem Polo conversou ontem relatou que no primeiro repasse deste ano recebeu um sexto do que entrou no mesmo período do ano passado.
Os empresários do comércio reclamam que estão sofrendo com a concorrência dos supermercados, que estão autorizados a funcionar e vendem não apenas alimentos e material de higiene e limpeza.
Presidente da Federasul, Simone Leite disse que “sobrevivência” é a palavra de ordem:
— A economia é uma engrenagem que precisa funcionar de forma adequada para manter os empregos e a arrecadação e, com isso, evitar novos problemas ao grande rol de acontecimentos negativos que estamos vivendo.
Os prefeitos estão divididos. Enquanto a direção da Famurs e os gestores das maiores cidades defendem a manutenção das restrições, os colegas de municípios menores brigam pela liberação e ameaçam desobedecer o decreto estadual.
— Nós queremos estar seguros em relação aos dados e à estrutura de atendimento antes de flexibilizar. Se o governador entender que existem condições técnicas para para liberar, nós apoiaremos, mas se entender que é preciso estender o prazo das restrições, entenderemos — disse o presidente da Famurs, Eduardo Freire, prefeito de Palmeira das Missões.
Freire constata que parte dos prefeitos de pequenas cidades acha que seu município está protegido.
— O problema é que a população não está sendo testada. Não sabemos se o vírus já não está circulando. E a maioria dos municípios não tem sequer um leito de UTI. Se muita gente precisar de atendimento, vai estourar na rede das cidades polo.
Passo Fundo, por exemplo, é a cidade de referência para 1,5 milhão de habitantes do Planalto Médio e arredores.
A desobediência só não se espalhou pelo Estado porque o Ministério Público está atento e vem segurando o ímpeto dos prefeitos. O procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen, orientou os promotores a barrarem qualquer tentativa de desrespeito ao decreto estadual, que vale até o dia 15 de abril, mas poderá ser estendido ou flexibilizado.
Nesta quinta-feira (9), representantes do Ministério Público participarão de videoconferência com o governador para avaliar a situação. Às 10h, também à distância, o governador conversa com os prefeitos.