Antes percebida apenas nos bastidores, a ciumeira com o sucesso do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na condução das iniciativas destinadas ao enfrentamento da pandemia de coronavírus, ganhou visibilidade em rede nacional depois da entrevista do presidente Jair Bolsonaro e dos membros do primeiro escalão.
Bolsonaro reclamou dos que criticam sua postura e elogiam o ministério. Disse que o time por ele montado está ganhando de goleada, mas ninguém elogia o treinador — ele, no caso.
— Nosso time está ganhado de goleada. Duvido que quem vier me suceder um dia, acho muito difícil, consiga montar uma equipe como eu montei. E tive a coragem de não aceitar pressões de quem quer que seja. Então, se o time está ganhando, vamos fazer justiça, vamos elogiar seu técnico, e o seu técnico chama-se Jair Bolsonaro — disse.
Nos bastidores já corria a informação de que o presidente estava chateado com a visibilidade de Mandetta e com os elogios ao ministro da Saúde, apresentado como o oposto do chefe por, desde o início, levar a sério a crise do coronavírus.
O presidente teria ficado incomodado porque, em vez de apoiar sua iniciativa de apertar a mão de manifestantes no 15 de março, o ministro seguiu pregando contra a aglomeração de pessoas.
Político que é, Mandetta até saiu um pouco da trilha técnica na entrevista para avalizar as críticas de Bolsonaro ao tratamento dado pela mídia. Disse que às vezes a imprensa exagera e escolhe a manchete mais sensacionalista para “vender jornal”. Mal sabe que os jornais, impressos ou digitais, vendem assinaturas e não exemplares avulsos, pela manchete, como século passado
Ciúme de homem
Em Porto Alegre, também começam a aparecer sinais de ciúme em relação ao prefeito Nelson Marchezan.
Um dos pré-candidatos, que prefere “não polemizar publicamente num momento em que desunião não faz bem”, reclama da avaliação positiva da coluna em relação à forma como o prefeito vem conduzindo as ações de enfrentamento ao coronavírus.
Diz que a colunista está “tentando pautar a eleição” e se regozija porque, nas redes sociais, críticos de Marchezan discordam do comentário. Poder discordar é uma das conquistas da democracia.
Acima das picuinhas
Rompido com o prefeito Nelson Marchezan há meses, o vice-prefeito Gustavo Paim mostrou que consegue ver o mundo acima das divergências políticas.
Em seu perfil no Twitter, Paim escreveu: “Medidas duras, mas corretas e necessárias. Em breve, outras mais restritivas deverão ser tomadas. Tenho divergências políticas com o prefeito, mas sou absolutamente solidário nesse momento de crise e apoiarei as medidas preventivas, colaborando como puder e no que me couber”.