O presidente Jair Bolsonaro tem demonstrado insatisfação com o tom adotado pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em relação à pandemia de coronavírus. Conforme o jornal Folha de S.Paulo, o presidente tem cobrado do chefe da pasta um tom mais afinado ao do Planalto — de preocupação com a atividade econômica e receio de pânico.
Conforme a publicação, desde o final de semana, o presidente tem entrado em choque com medidas da Saúde. Na segunda-feira (16), Bolsonaro defendeu que as partidas de futebol não sejam suspensas e que os estabelecimentos comerciais sigam funcionando. Segundo ele, "se acabar a economia, acaba qualquer governo".
Com a preocupação na área econômica, o ministério chegou a recuar na decisão que impedia a saída de novos cruzeiros no país enquanto durar a situação de emergência do coronavírus.
O presidente também se irritou, de acordo com relato à Folha de S.Paulo de auxiliares próximos, com o fato de Mandetta não tê-lo defendido, em entrevistas à imprensa, por ter participado de manifestação a favor do governo em Brasília.
Mandetta, que até então demonstrava um discurso técnico, em consonância com os protocolos internacionais de saúde pública, adotou nesta terça-feira (17) um discurso mais próximo ao do presidente. Ao comentar a previsão de aumento de casos de infecção pelo coronavírus até junho, o ministro disse que "devemos ter muito cuidado com medidas restritivas que possam interromper abastecimento de grandes eixos".
"Não adianta parar tudo e depois não ter alimentos para os outros Estados. Temos que ver a logística de abastecimento do país".
Bolsonaro começa a mudar a postura
Após insistir em classificar de histeria o estado de atenção nacional no mesmo dia em que o país registrou a primeira morte por coronavírus, Bolsonaro disse na terça-feira (17) estar disposto a discutir com os outros poderes ações conjuntas de combate à pandemia. Bolsonaro pretende conceder entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (18) ao lado de ministros e, à noite, comandar pela primeira vez uma reunião entre as principais autoridades da República.