A determinação do prefeito Nelson Marchezan no enfrentamento ao coronavírus e a coragem para anunciar medidas duras o colocam no grupo de líderes que ganharam estatura nos últimos dias, em contraponto aos omissos, os lentos e os negacionistas.
Conhecido por dormir pouco, Marchezan restringiu ainda mais as horas de sono. No domingo, ficou em reunião até as 2h da manhã. Todos os dias sai entre e 23h e meia-noite da prefeitura. Não dorme antes das 3h da madrugada e acorda às 6h da manhã ou antes.
O prefeito de Porto Alegre já editou oito decretos em dois dias para combater a disseminação do coronavírus na Capital. Antes de publicar as determinações, fez uma maratona de diálogo com todas as entidades e representantes dos setores atingidos.
Criticado pelo temperamento difícil e pelas decisões solitárias, o prefeito mudou nos últimos dias, ciente da gravidade da crise. Novas medidas serão anunciadas nas próximas semanas, depois de conversas com os setores envolvidos.
Na entrevista coletiva desta quarta-feira (18), o prefeito se emocionou ao lembrar das decisões que tem tomado e reconheceu erros, prometendo corrigi-los tão logo sejam detectados. Incontáveis vezes repetiu a orientação:
— Fique em casa!
Na reunião do secretariado, o economista Leonardo Busatto, secretário da Fazenda, abordou o aspecto econômico e traçou um cenário de dificuldades extremas.
De forma didática, Busatto mostrou que uma das consequências do coronavírus será a maior crise financeira da história do país e do mundo. Afetará a receita de todos os entes, mas principalmente dos municípios.
Pela estimativa de Busatto, em vez de crescimento o Brasil terá recessão. A perda de receitas de tributos municipais pode superar os 30%.
— A palavra do momento é incerteza. Ainda é cedo pra saber exatamente as perdas que teremos. Mas é possível adiantar que eles serão grandes e terríveis.
O secretário estima que o PIB terá queda de no mínimo 1%. Como a previsão eras crescer 2%, a perda será de 3 pontos percentuais em relação à projeção inicial para 2020. Depois de ouvir a explanação de Busatto, o prefeito caracterizou o cenário futuro como "caótico".