O resultado da assembleia-geral do magistério, que aprovou o fim da greve por 725 votos a 593, é uma derrota política do Cpers. A direção do sindicato exigia do governador Eduardo Leite o compromisso de pagar os dias parados para recuperar as aulas. Leite se comprometeu a pagar em folha suplementar o que foi descontado no salário de dezembro, mas com uma condição: os grevistas devolverão esse dinheiro em seis parcelas.
Os professores aprovaram o fim da greve por motivos práticos. O primeiro e mais relevante é o bolso vazio: quem aderiu à paralisação desde o início recebeu o contracheque de dezembro zerado e alguns ainda ficaram devendo, porque o governo descontou dias de novembro, que haviam sido pagos em dezembro. O segundo e não menos importante é a tentativa de reduzir o desgaste, já que a maioria dos professores tinha voltado ao trabalho sem o aval do sindicato.
O chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, diz que o governo recebe a decisão do Cpers “com muito respeito” e considera inadequada a expressão “queda de braço” para definir a relação entre o Piratini e o sindicato.
— Na última reunião já tinha ficado bem clara a posição do governo. Respeitamos as manifestações e reivindicações, mas temos obrigação de garantir a normalidade nas escolas. Acreditamos que a recuperação das aulas também é uma preocupação do Cpers.
O fim da greve não significa que os ânimos serenaram e que o início do ano letivo de 2020 ocorrerá sem sobressaltos.
O Cpers ainda vai tentar impedir a aprovação do projeto que altera o plano de carreira, mas, com os professores em férias, a capacidade de mobilização diminuiu.
Aliás
Com a convocação extraordinária confirmada para o período de 27 a 31 de janeiro, a preocupação do Piratini é com os deputados que estão viajando. A lista de projetos para votação deve ser confirmada até sexta-feira (17).
Adiado anúncio de nova proposta
Prevista para esta terça-feira (14), a nova proposta de subsídios para o plano de carreira dos professores só deve ser apresentada nesta quarta (15) aos deputados da base aliada. A tabela vai contemplar o reajuste do piso nacional, corrigido em 12,84%, para que nenhuma das 36 faixas precise receber completivo, como ocorre hoje com 24 níveis e classes.
Esse ajuste nas tabelas de 2020, 2021 e 2022 vai significar redução do ganho fiscal previsto para 10 anos. O projeto de lei 507, que trata do plano de carreira dos professores, será debatido nesta quarta em reunião com os líderes dos partidos aliados.
Sem descanso no recesso
Dispostos a participar das reuniões sobre os projetos do pacote para entender as propostas e sugerir mudanças, um grupo de deputados da base do governo optou por limitar aos fins de semana o descanso durante o recesso.
Entre os mais assíduos, estão Luciano Zucco (PSL), Rodrigo Lorenzoni (DEM), Any Ortiz (CDN), Fábio Branco (MDB), Sérgio Turra (PP), Mateus Wesp (PSDB) e Neri Pereira (SD).
Os independentes Fábio Ostermann e Giuseppe Riesgo, do Novo, também não perdem nenhum encontro.