Passados 13 dias da apresentação do pacote com mudanças profundas nas carreiras de servidores públicos e na contribuição previdenciária, a constatação é de que o governo de Eduardo Leite precisa, com urgência, melhorar a comunicação com sua base na Assembleia. Pela complexidade das medidas, nem os aliados entenderam direito a extensão das mudanças e, ao serem cobrados por professores, principalmente, não conseguem defender as propostas.
Nesta segunda-feira, a secretária de Comunicação, Tânia Moreira, terá reunião com o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, para definir a estratégia de comunicação. O líder do governo, Frederico Antunes, reconhece que a tarefa é hercúlea:
– Temos pouco tempo até a votação. Os deputados precisam estudar não apenas os projetos, mas o contexto das finanças do Estado, para entender por que as medidas amargas são necessárias. Precisamos mostrar que, se os projetos não forem aprovados, a situação do Estado, que já é péssima, pode piorar.
Frederico espera que, em vez de se intimidar com as cobranças dos servidores, os deputados apresentem sugestões para aperfeiçoar os projetos.
Até aqui, o governo não conseguiu desmontar, por exemplo, a ideia de que os atuais servidores não terão redução salarial. No caso dos professores, a mudança no plano de carreira não significa redução do valor global gasto com salários. Pelo contrário, no primeiro ano até aumenta, mas a imagem de terra arrasada se sobrepõe aos números.
A maior parte da economia de R$ 25 bilhões em 10 anos virá da mudança nas regras da Previdência, que afetam todos os inativos e os ativos que recebem os maiores salários.
Aliás
Por emenda, o projeto do plano de carreira dos professores deve ganhar uma cláusula que assegure a manutenção da diferença entre um nível e outro. Hoje, com o pagamento do completivo para que ninguém receba abaixo do piso nacional, os níveis estão acavalados, e o básico é apenas um valor de referência.
Lenha na fogueira
A ameaça do governador Eduardo Leite de cortar o ponto dos professores em greve a partir de hoje pode ter jogado combustível no movimento.
Nem os aliados entenderam por que Leite fez isso, se o pressuposto é de que os dias parados têm de ser recuperados para cumprir o calendário.
Compensação no futuro
Seria muita ingenuidade imaginar que os professores bateriam palmas para um projeto que, na prática, estabelece um teto baixo para a carreira. Para que seja aceitável, será preciso mostrar que, no futuro, sem as travas do plano atual, o magistério será compensado.