
Com textos confusos e recheados de teorias conspiratórias, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) seria apenas mais uma dessas figuras folclóricas que gostam de causar nas redes sociais, não fosse filho do presidente da República. A última de Carluxo, publicada enquanto o pai se recupera de mais uma cirurgia, é uma patacoada que não deveria tirar o sono de ninguém, mas merece atenção porque revela uma perigosa vocação para o autoritarismo.
Ao dizer que "por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos", Carlos lembra Zé Maria, o eterno candidato do PSTU, que disputava a eleição presidencial sem acreditar nela, porque só via possibilidade de mudança pela revolução proletária.
O filho 02 do presidente Bolsonaro despreza a democracia porque cresceu ouvindo que bom mesmo foi o golpe de 1964, chamado em casa de revolução. É a teoria da ferradura: os extremos se aproximam.
"Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes", continuou o segundo filho, dizendo ainda que o governo federal vem "desfazendo absurdos" e tentando recolocar o país nos eixos.
Os arroubos autoritários de um vereador carioca seriam motivo de chacota, não fosse ele também irmão de um deputado federal candidato a embaixador do Brasil nos Estados Unidos e que há pouco mais de um ano falou na facilidade que seria fechar o Supremo Tribunal Federal. Esse mesmo deputado fez questão de posar ao lado do leito do pai no hospital ostentando um revólver na cintura, como já fizera quando participou de um quadro cômico do programa Silvio Santos.
Com que propósito? Mostrar que não confia na segurança de um hospital, mesmo com todo o esquema de proteção montado para receber o presidente da República? Exibicionismo? Ou simples falta de noção de limites?
Para os filhos do presidente caberia o ditado "quem não ajuda não estorva". Mas o pai dá corda, faz movimentos para proteger os rebentos, a começar pelo mais velho, o senador Flavio (PSL-RJ), investigado por movimentações financeiras suspeitas. Move montanhas para transformar o terceiro em embaixador e avisa, em tom de ameaça, que se o Senado vetar o garoto, demite o ministro Ernesto Araújo e transforma o filho em chanceler.