Desde que conheci a primeira biblioteca, aos 10 anos de idade, em uma casinha anexa ao Ginásio Taperense, essa é uma das minhas praias preferidas. No final da manhã de sexta-feira, no ambiente de uma biblioteca, recebi a maior homenagem que uma pessoa apaixonada por livros e pela boa política pode receber. Depois de falar por cerca de uma hora para uma turma atenta de alunos do 9º ano da Escola La Salle Pão dos Pobres, subi numa escadinha de dois degraus para colocar uma placa com meu nome no alto da estante de Política e Cidadania.
Um colégio que em 2019 convida um jornalista para falar de política a alunos de 14 e 15 anos é uma escola aberta para o mundo. Em vez de se encolher no temor de que os adolescentes briguem por posições ideológicas e que pais histéricos entrem em guerra, o La Salle estimula a cidadania, dá lições de tolerância, mostra o quão equivocado é o discurso de que escola não é lugar para discutir política. O diretor Marcelo Figueiró ensina que política no La Salle é um conceito mais amplo do que as disputas partidárias. Mostra aos meninos e meninas que, gostemos ou não, a política rege as nossas vidas. Que os governos mudam a cada quatro anos, mas a política é permanente.
Falei da importância do voto, da responsabilidade em escolher os melhores, de não lavar as mãos como Pôncio Pilatos, votando em branco ou anulando o voto. Vi brilho nos olhos daqueles guris e gurias quando falei da importância de ler para entender o mundo, seja qual for a profissão escolhida, e assim ganhei o dia, o mês e o ano de 2019.
A conversa com os atentos estudantes do La Salle Pão dos Pobres renovou minha esperança de que possamos melhorar como sociedade pelo caminho da educação, do respeito, da participação. Era o último dia da Feira Literária e no pátio encontrei outra das minhas paixões, a Orquestra Jovem, que tocou para crianças e adolescentes de uniforme azul-marinho ou fantasiados de personagens da ficção.
A escola oferece hoje cerca de 350 bolsas de estudo. Além de não pagarem as mensalidades, os bolsistas ganham os livros, atividades extracurriculares em salas climatizadas, com multimídia. À biblioteca física soma-se a virtual, com aproximadamente 30 mil títulos. Os alunos também contam com Laboratório de Informática, Parquinho Infantil, Sala de Artes e Teatro. E, mais do que instalações físicas adequadas, tem professores comprometidos e uma direção que acredita em valores universais, como respeito, liberdade, pluralidade, igualdade e fraternidade.