Se está praticamente pacificado dentro do Congresso e no Planalto de que a reforma da Previdência é uma prioridade, o mesmo não pode-se dizer do conteúdo dela. Há diferentes estudos sobre as mudanças comandados pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que deve encaminhá-los ao presidente Jair Bolsonaro para apreciação.
Não se sabe qual será a idade mínima para aposentadoria nem se será a mesma para homens e mulheres. Outras dúvidas estão relacionadas à inclusão dos militares no texto, à possibilidade de o sistema ser por capitalização e ao período de transição.
Os estudos são vazados sistematicamente para a imprensa, que também tenta apurar o que é real ou apenas uma possibilidade. Até agora, tudo não passou de especulação, já que as diversas minutas do projeto estão guardadas a sete chaves. Nem Guedes nem Bolsonaro conseguem dizer o que será defendido pelo governo.
A comunicação do Planalto, inexistente para essa questão, age mal e já foi criticada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Até o pacote complexo e polêmico anticrime do ministro Sergio Moro chegou ao Congresso antes do projeto da reforma da Previdência.
Na ausência de manifestação do governo sobre o que é prioridade para o país, coube a Maia dar o tom: o projeto que muda o sistema de aposentadorias virá primeiro. Economistas sustentam que o Brasil terá mais credibilidade para investimentos estrangeiros se a reforma for aprovada, porque mostrará comprometimento do governo em realizar o ajuste fiscal.
Pesquisa divulgada pelo BTG Pactual mostra que pelo menos 82% dos deputados e 89% dos senadores ouvidos apoiam o futuro projeto que propõe mudanças no regime de aposentadorias. Foram entrevistados 235 deputados e 27 senadores. O resultado é positivo para o Planalto, mesmo engessado devido à internação do presidente no Hospital Albert Einstein. A expectativa é de que ele receba alta nesta semana.
O governo federal vai enviar o projeto da reforma após Bolsonaro sair do hospital. Como não tem um texto consolidado, a articulação para aprovação da proposta, por ora, fica prejudicada.