A dez dias da apresentação oficial da proposta do Planalto para a reforma da Previdência, assessores da Presidência da República deram informações de que Jair Bolsonaro estaria inclinado a optar pelo modelo que fixa idades mínimas distintas entre homens (62 anos) e mulheres (57), além de diferenciação por região. Um dos argumentos do presidente seria o que de, no Piauí, por exemplo, a expectativa de vida é de 69 anos, o que inviabilizaria a adoção de idade limite de 65 anos.
O curioso é que a ideia de diferenciar idade mínima por região não foi apresentada por Bolsonaro durante a campanha. Ao contrário, a proposta foi mencionada por seu adversário no segundo turno, Fernando Haddad (PT). Apesar de resistir em defender a necessidade de reforma da Previdência para todos – dizia que sua prioridade seria mudar as regras da aposentadoria dos servidores públicos –, quando pressionado o petista falou em adotar idades diferentes conforme região e renda.
– A ideia é tirar da discussão da idade mínima quem ganha até uma determinada faixa de renda e o trabalhador rural. Não dá para ter a mesma regra para todo mundo. Os brasileiros, infelizmente eu digo isso, são muito diferentes. A expectativa de vida dos brasileiros é muito diferente, dependendo da região e dependendo da renda – afirmou no debate da TV Globo de 4 de outubro, ainda no primeiro turno.
Na época, foi acusado de estar mirando no eleitorado petista no Nordeste, onde vigorariam as idades mínimas menores. O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, afirmou que a intenção do governo é apresentar proposta final de reforma até 21 de fevereiro. A tendência é de que Bolsonaro recebe dois ou três projetos e escolha entre eles. Conforme o ministro da Economia, Paulo Guedes, essa apresentação poderá ser feita até no hospital Albert Einsten, onde segue internado sem previsão certa de alta.
O desafio da reforma não é simples: passa pela conciliação das divergências internas no governo, pelo equilíbrio entre a ambição do ministro Paulo Guedes e a moderação de Bolsonaro e pela capacidade de apresentar uma proposta palatável ao Congresso.