Uma das primeiras propostas que o governo de Eduardo Leite encaminhará à Assembleia será uma emenda terminando com a exigência de plebiscito para privatizar ou federalizar estatais. Na campanha, Leite sempre se manifestou a favor da privatização das empresas do setor elétrico, mas excluiu Banrisul e Corsan da lista de privatizáveis. Quando foi contra a realização do plebiscito proposto por Sartori, Leite justificou:
– Se fizer o plebiscito e a população disser não, quem for eleito ficará impedido de propor a venda de qualquer empresa.
À época, o então candidato tinha pesquisas mostrando que, se o plebiscito para vender CEEE, Sulgás e CRM fosse realizado no mesmo dia da eleição, o não sairia vencedor.
Para aprovar emendas constitucionais o futuro governador vai precisar de 33 votos na Assembleia. Não é difícil, considerando-se o novo perfil da Assembleia e os convites feitos para integrar o governo, mas essa construção dependerá de muita conversa a partir de segunda-feira, quando Leite retorna ao Brasil depois de uma semana na Inglaterra.
Cotado para ser chefe da Casa Civil, o deputado Lucas Redecker (PSDB) está disposto a ajudar nas articulações políticas, mas garante que vai cumprir o mandato de deputado federal. Redecker esteve em Brasília nesta semana para tratar da montagem de seu gabinete.
– Tenho um compromisso com meus eleitores e não posso abrir mão do mandato, ainda mais sendo esta a minha primeira eleição como deputado federal – justifica.
Se não será Redecker o chefe da Casa Civil, Leite precisará encontrar alguém que preencha, na opinião do próprio deputado, três requisitos: a confiança do governador, habilidade e estatura política.
A senadora Ana Amélia Lemos (PP), que preencheria esses três requisitos, está cotada para integrar a equipe de Jair Bolsonaro, mas ainda não recebeu convite formal e a maioria dos ministérios já foi preenchida. Cogitou-se da nomeação de Ana Amélia para porta-voz de Bolsonaro, mas é um cargo que não combina com o perfil de nenhum dos dois. Seria uma tarefa inglória ser porta-voz de um presidente que prefere se comunicar pelas redes sociais e está cercado de pessoas que falam o que lhes dá na telha, a começar pelos filhos Carlos (o vereador), Eduardo (o deputado) e Flávio (o senador).
Leite sempre demonstrou apreço por Ana Amélia, que teve papel decisivo na sua vitória quando aceitou ser vice de Geraldo Alckmin e empurrou o PP para a coligação com o PSDB no Estado. Até então, o agora senador Luis Carlos Heinze era candidato ao Piratini.
Não será surpresa se a senadora, que ficará sem mandato a partir de 2019, ocupar uma secretaria no Estado. Pelo trânsito que tem em Brasília e pela dependência que o RS tem do governo federal, Ana Amélia poderia ser uma espécie de embaixadora no escritório do Rio Grande do Sul em Brasília, economizando tempo e dinheiro com viagens de secretários à capital do país.