No Ministério da Justiça, o juiz Sergio Moro terá carta branca no combate à corrupção e ao crime organizado. Nas outras áreas, o poder será limitado:
— Naquilo que somos antagônicos vamos buscar o meio-termo — disse o presidente eleito Jair Bolsonaro em entrevista a José Luiz Datena, no programa Brasil Urgente, da Band TV.
Na entrevista de uma hora e 42 minutos, Bolsonaro deu outras opiniões relativas à área de segurança que, dificilmente, terão a concordância de Moro. A principal delas diz respeito à política prisional:
— A cadeia, se você tiver recursos, amplia. Ninguém quer torturar ninguém dentro da cadeia. Mas se não tiver recursos, amontoa. Se não tiver recursos, lamento, você vai ter que amontoar esses caras lá.
Por falta de vagas, a política de "amontoar presos" vigora há muitos anos no Brasil e e, em vez de contribuir para resolver o problema da violência, fortaleceu as facções criminosas, que comandam o crime de dentro da cadeia.
Outro tema em que Moro não terá autonomia é o das questões indígenas. O presidente eleito reafirmou que no seu governo não haverá demarcação de novas reservas e voltou a defender a tese de que os índios que "tomam contato com a civilização" querem ter os mesmos direitos dos brancos e que devem ter, autorização, inclusive, para vender suas terras.
Na entrevista que dará hoje, em Curitiba, Moro deverá ser questionado concorda com a tese de "amontoar pesos", em vez de tentar ressocializá-los. Bolsonaro já se declarou contrário à progressão de pena e às saídas de presos em datas especiais, como o Natal, o Dia das Mães e o Dia dos Pais. Certamente, Moro também será questionado sobre a opinião de Bolsonaro, favorável ao "abate", por atiradores de elite ou por drones, de quem for flagrado com uma arma pesada na mão.
Na entrevista a Datena, transmitida de sua residência na Barra da Tijuca, Bolsonaro falou mais de segurança do que de qualquer outro tema. Reiterou que vai tentar mudar a legislação para que policiais possam matar em confronto, sem risco de parar "no banco dos réus".