Mais até do que o ajuste fiscal, a prioridade do presidente que os brasileiros elegerão em 28 de outubro deve ser a pacificação do país. Não é coisa que se faça por medida provisória nem por projeto de lei, mas por atitudes. O primeiro discurso deve ser de conciliação e não de revanche, principalmente para acalmar os militantes mais exaltados, que tratam como inimigo qualquer um que discorde das ideias do seu líder.
A pesquisa do Ibope divulgada nesta segunda-feira (15) à noite reforça o favoritismo de Jair Bolsonaro, que saiu do primeiro turno com a maior vantagem em todas as disputas cuja decisão ficou para o segundo turno. Em 7 de outubro, Bolsonaro teve 46,03% dos votos válidos, e Fernando Haddad, 29,28%. Na pesquisa do Ibope, o candidato do PSL está com 59% e o do PT com 41%. Esses números indicam que uma virada é improvável.
Os eleitores dos outros candidatos se dividiram meio a meio: entre a eleição e a pesquisa, Bolsonaro cresceu 13 pontos percentuais, e Haddad, 12. Comparando-se o resultado da urna com o da pesquisa praticamente não há indecisos: só 2% responderam que ainda não sabem em quem votar. Apenas 9% estão dispostos a votar nulo ou em branco. E os que já estão decididos dificilmente mudarão seu voto nesta disputa plebiscitária.
Com a vitória praticamente assegurada, Bolsonaro precisa definir uma estratégia de pacificação do país. A guerra travada nas redes sociais por seus discípulos foi eficiente para alavancar a candidatura, mas, para que o governo tenha sucesso, será preciso desarmar os espíritos. Só Bolsonaro, com a consagração das urnas e os canais diretos que criou com seus eleitores pode convocá-los para uma missão de paz. Sem crescimento econômico, não haverá emprego nem qualificação dos serviços públicos. Para melhorar o ambiente de negócios, não basta acenar com redução da carga tributária e da desburocratização. É preciso desanuviar também o ambiente político.
De sua parte, os líderes da oposição deverão respeitar o resultado como manifestação da vontade do eleitor. O país precisa de uma oposição responsável, que não se mova pelo ressentimento, mas pela compreensão da importância do seu papel nos próximos quatro anos.